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Amante das artes marciais, Ibrahimovic treina taekwondo com brasileiro nos Estados Unidos

Tem uma velocidade e elasticidade incomum para jogadores muito altos. Há pouco mais de um mês, balançou as redes pela 500ª na carreira. Um golaço “de taekwondo”, marcado na derrota do LA Galaxy por 5 a 3 para o Toronto, pela MLS, nos Estados Unidos. Uma referência às artes marciais que não é de hoje. Até porque sempre foi assim para Zlatan Ibrahimovic. Um pé no gramado e outro no tatame. Desde que deixou a Europa, no início deste ano, para defender o LA Galaxy, o taekwondo tem sido o responsável por estreitar as relações do sueco com o Brasil. Há quatro meses, Ibrahimovic adotou como mestre o tetracampeão brasileiro e campeão Sul-Americano de taekwondo Soneca – apelido dado a Nilson Demacena, pernambucano natural do Morro da Conceição, na cidade do Recife. E vem dividindo as atenções entre as modalidades desde então.

“Ele está aqui desde junho. Não treina com muita consistência por causa dos jogos, já que ele não quer se expor, para não se machucar. O taekwondo é muito chute, então ele tenta não sobrecarregar. O que mais o ajuda aqui é na parte da flexibilidade. Foi algo que ajudou muito também na potência do chute, que ele tem muito chute rodado”, explica Soneca.
As fogueiras começavam a ser acesas nas calçadas das ruas no Brasil quando tocou o celular do pernambucano. Era fim de junho deste ano, véspera de São João, e Soneca corria na esteira da academia do hotel em que estava hospedado, na Avenida Boa Viagem, zona sul do Recife, em Pernambuco. Na linha, falava um amigo, também professor de taekwondo em Los Angeles, mas numa academia distante de onde Ibrahimović mora – na cidade de Beverly Hills, na Califórnia.

– Eu tenho uma família para te indicar, ele disse. Nesse momento eu já sabia quem era. Porque já sabia que ele estava morando em Los Angeles. A esposa dele me mandou um e-mail, já me perguntando quando poderia começar. Eu estava no Brasil de férias com a minha família e voltaria depois dos jogos da Seleção na Copa do Mundo. Então disse a ela que conversaríamos quando voltasse.

E assim aconteceu. Ibrahimovic não está lá sozinho. Divide os tatames com a esposa, Helena, e costuma acompanhar também os filhos, de 10 e 12 anos de idade, que treinam todos os dias com Soneca e já competem a nível internacional. Os meninos já faziam taekwondo na França, quando o atacante atuava pelo Paris Saint-Germain, e mantiveram a prática quando ele se transferiu para o Manchester United. Ambos começaram por influência do pai.

– Os filhos puxaram a ele. Ele foi para o Califórnia Open (torneio internacional), sentou na arquibancada e assistiu o campeonato todo por mais de 3h. Falou “os meninos estão nervosos, mas cuida deles aí”. É responsabilidade. O filho ia lutar no dia do aniversário dele (3 de outubro). Ele (filho) ganhou e foi um presente espetacular – conta Soneca.

As semelhanças não param por aí. Se a prática do taekwondo auxiliou Ibrahimovic no futebol, o atacante quer repassar o segredo para outras gerações nos Estados Unidos. Recomendou Soneca para a escolinha de futebol onde o filho mais novo treina e, por isso, o pernambucano vem trabalhando, com 13 meninos da mesma idade, fundamentos físicos, de chute, corrida e agilidade.

A história é uma reviravolta e tanto na vida do mestre de 48 anos de idade. Referência no taekwondo brasileiro, Soneca deixou o Recife aos 30 para competir nos Estados Unidos. Está lá há 18 anos. Durante esse tempo, quando não conseguiu mais vir ao Recife disputar as seletivas por Pernambuco, ainda chegou a ser campeão brasileiro defendendo o Ceará, em 1992, que não tinha representantes na categoria que lutava. Soneca se casou, teve dois filhos, conseguiu sua cidadania americana e trabalhou na academia do coreano Byong C. Kim, também em Beverly Hills, até finalmente conseguir abrir a Soneca Martial Arts, há 12 anos.

“Eu não tinha nem o que comer. Meu pai trabalhava na cidade vendendo relógio. Eu não tinha uniforme, então quando vou hoje, levo material, dou curso de graça. O esporte me deu tudo. E o taekwondo abriu portas para mim. Agradeço muito tudo que tenho, por conta da dificuldade que passei. Hoje, no caso de Ibra, é muito legal porque ele luta e também tem uma família no esporte.”
E Soneca não pretende parar por aí. Assim como Ibrahimovic. Enquanto o pernambucano ainda carrega o sonho de conseguir formar um campeão olímpico, seja no Brasil ou em terras norte-americanas, o sueco tem os olhos para o momento em que poderá se dedicar com mais afinco ao taekwondo. Aos 37 anos de idade, por conta do número de jogos na temporada, prefere agendar aulas particulares para ele e a esposa. Resguarda o físico. E aparece no tatame com menor regularidade que os filhos. Ao menos por enquanto.

– Hoje ele está muito ocupado com os jogos. Sempre viajando para competições. A vida dele foi muito no futebol e taekwondo, só que depois que você começa a fazer o futebol, você faz o taekwondo mais esporadicamente. Então ele vem, faz o que pode. E se previne. Mas falou que quando se aposentar vai fazer com mais frequência.

Fonte: Globo esporte


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