- Cultura

Marabaixo é reconhecido como patrimônio cultural imaterial do Brasil

Principal manifestação do estado do Amapá, o marabaixo foi reconhecido na quinta-feira (8) como patrimônio cultural imaterial do Brasil, em votação unânime do Conselho Consultivo do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). A decisão foi durante reunião no Museu Histórico do Pará, em Belém.

O conselho levou em consideração que se trata de uma forma de expressão que reúne referências culturais vivenciadas e atualizadas pelos amapaenses, fundamental para a construção e afirmação da identidade cultural negra brasileira.

A música, chamada de “ladrão” e executada ao som de precursões artesanais (as caixas de marabaixo) é dançada por mulheres com saias rodadas floridas, colares, toalha no ombro e flores nos cabelos, e por homens que usam camisas coloridas, sempre em formação de círculo, no sentido anti-horário. A manifestação é de fé e louvor ao Divino Espírito Santo e à Santíssima Trindade.Com anos de dedicação, de modo a manter vivo o marabaixo, Danniela Ramos, do Grupo Marabaixo do Laguinho, avalia o reconhecimento como forma de assegurar mais apoio à manifestação cultural e de abrir a possibilidade de elaboração de políticas públicas.

“A partir desse reconhecimento será elaborado o plano de salvaguarda do marabaixo, que garantirá ações de pequeno, médio e longo prazo para o fortalecimento e perpetuação do marabaixo. Esse plano prevê recursos financeiros também, e envolve o Governo Federal, municipal, estadual, privado e outros parceiros”, fala a marabaixeira.Danniela explica que o sentido do “ladrão” é muito forte na tradição.

“O termo é utilizado para as músicas (cantigas) de marabaixo pelo fato dos seus compositores, antigamente a maioria analfabetos, mas que tinham o raciocínio incrível, e tudo o que eles visualizavam virava música. Uma conversa entre amigos, uma briga, uma festa, a fé, as dores e angústias, qualquer acontecimento. Eles visualizavam e transformavam em música, eles roubavam os fatos para fazerem as suas composições. Todo o cotidiano da comunidade em que viviam virava música, daí o termo ladrão de marabaixo”.A importância histórica do marabaixo e a relevância para a fé do povo negro amapaense também foram consideradas pelo Iphan. Ao divulgar o reconhecimento como patrimônio cultural, o instituto cita essa trajetória de luta.

“A origem do nome remete aos escravos que morriam nos navios negreiros; seus corpos eram jogados na água e os negros cantavam hinos de lamento mar abaixo e mar acima. Os negros escravizados passaram a fazer promessas aos santos que consagravam, e quando a graça era alcançada se fazia um marabaixo. Sua herança é deixada de pai para filho, e está associada ao fazer religioso do catolicismo popular em louvor a diversos santos padroeiros”.

Fonte: G1


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