Um faxineiro, de 25 anos, foi agredido por um morador do prédio onde trabalha em Praia Grande, no litoral de São Paulo. As imagens, obtidas pelo g1 nesta terça-feira (5), mostram o profissional levando socos após discutir com o homem e a esposa dele pelo uso indevido de trajes de banho na entrada social do edifício. (assista acima).
O caso aconteceu no Condomínio Edifício Residencial Vinhas, no bairro Guilhermina. Ao g1, o faxineiro Publio Neto disse que foi “humilhado” e, por conta do ocorrido, ficou afastado do serviço por atestado médico até esta terça-feira. “Estou me sentindo inferior, com muitas dores no corpo e na cabeça. Não estou conseguindo dormir de noite. Estou com o psicológico abalado”, desabafou Publio.
Em nota, o condomínio citou que as imagens mostram o faxineiro “perseguindo” e “importunando” a mulher após a discussão pelos trajes de banho. Apesar disso, o edifício ressaltou que não compactua com qualquer tipo de violência e, se “qualquer agressão tiver de fato ocorrido, serão os condôminos penalizados” (leia o posicionamento completo no fim da reportagem).
Começo da discussão
Segundo Publio, a situação começou após ele ter orientado o casal a sair do prédio pela porta lateral, uma vez que é proibido circular pela entrada principal usando trajes de banho.
“Ele [morador] olhou para a minha cara e falou: ‘Eu não estou sujo e nem estou com cooler. Vai para merda, vai procurar cagar. Fica aí limpando'”, afirmou o faxineiro.
Publio acrescentou que, após as ofensas, entrou em contato com o síndico, que o orientou a registrar a ocorrência junto ao número do apartamento do casal no caderno do condomínio.
O faxineiro explicou que até aquele momento sequer tinha visto o casal ou sabia onde moravam, já que trabalha no local há apenas três meses, desde que chegou de Salvador (BA).
Volta da praia e perseguição
O funcionário afirmou que, quando o casal voltou da praia, tentou entrar no elevador junto com eles para descobrir o número do apartamento. É nesse momento que Publico começa a seguir e filmar o casal. Ele chega a colocar o pé na porta do elevador para entrar, mas é impedido pelo morador.
A situação causou nova discussão. O casal, portanto, resolveu deixar o elevador e seguir até o apartamento pelas escadas. E, mais uma vez, o faxineiro os seguiu filmando os moradores. No vídeo, o homem aparece puxando, sem sucesso, o celular da mão de Publio.
Sem conseguir pegar o aparelho, o morador desiste de impedir a gravação e continua em direção ao apartamento. A esposa, porém, permanece no local discutindo com o funcionário.
A mulher interrompe o bate-boca e tenta voltar ao elevador, mas, novamente, o faxineiro força uma entrada na cabine. Ela pediu: “Para de me atormentar”.
E continuou: Por que você não vai [não completou a frase]? Porque eu sou proprietária e você é faxineiro. Eu posso dividir [o elevador], só que com você eu não posso”, disse a moradora.
A mulher voltou para as escadas, com o faxineiro ainda atrás dela. A moradora disse que ele “não conhece o marido dela”, e o rapaz questionou se a fala havia sido uma ameaça. Ambos ficaram em silêncio até chegarem Em frente do apartamento.
‘Importunação’ e socos
O morador, que já estava na porta do imóvel, correu em direção ao faxineiro, mas escorregou em um cooler. Em seguida, ele alcançou o funcionário e aplicou diversos socos nele.
“Socorro! Socorro! Socorro!”, gritou o faxineiro, enquanto era agredido pelo morador.
Após se desvencilhar do morador, Publio foi até a Central de Polícia Judiciária (CPJ) da cidade, onde registrou um boletim de ocorrência de ‘lesão corporal e injúria’ contra o casal.
Condomínio
Em nota, o Condomínio Edifício Residencial Vinhas afirmou que o síndico prestou apoio imediato ao faxineiro. Ele teria perguntado se o funcionário precisava de algo e se estava em condições para trabalhar, mas Publio respondeu que a situação era “chata”, embora não visse a necessidade de suspender o serviço.
Ainda segundo o condomínio, o faxineiro alegou ter sido agredido verbalmente e fisicamente pelo morador. “O que vemos nas imagens é o funcionário praticando verdadeiro ato de perseguição e importunação em desfavor da condômina, que encarecida e repetidamente pedia para não ser seguida”, pontuou o edifício.
Por fim, o condomínio ressaltou que não compactua com nenhuma ação de violência e está empenhado na apuração dos fatos. “Se qualquer agressão tiver de fato ocorrido, serão os condôminos penalizados na forma da convenção coletiva e da lei positivada”, concluiu.
Fonte: G1
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