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Governo francês descarta estado de emergência apesar de violentos protestos

O governo francês descarta de imediato a instauração do estado de emergência no país. A extrema direita e esquerda radical defendem a dissolução da Assembleia Nacional e pedem novas eleições legislativas. O partido de direita Os Republicanos sugeriu um referendo sobre impostos a favor da ecologia. Todos preconizam um adiamento da alta do imposto sobre os combustíveis, que desencadeou os protestos dos coletes amarelos.

O primeiro-ministro francês, Edouard Philippe, receberá nesta terça-feira (4) membros do movimento coletes amarelos que pediram uma audiência com o premiê. Philippe também anunciou que vai propor na próxima quarta-feira (5) a organização de um debate na Assembleia Nacional sobre a crise que afeta a França há duas semanas. Mas, apesar da gravidade da situação, o secretário de Estado para o Ministério francês do Interior, Laurent Nuñez, disse que o estado de emergência não será adotado imediatamente. Em entrevista à rádio RTL, ele declarou que o conjunto de “medidas existentes” para enfrentar a situação será analisado.

Membros do governo deram declarações contraditórias sobre o assunto no fim de semana. No sábado, o ministro do Interior, Christophe Castaner, disse que o estado de emergência “não era um tabu”. Já a ministra da Justiça, Nicole Belloubet, declarou neste domingo (2) que havia “outras opções”.

O “regime de exceção” já havia sido adotado durante a crise nos subúrbios parisienses em 2005 e depois dos atentados terroristas de Paris, em 2015. A França colocou um fim ao estado de emergência depois da promulgação da lei de segurança interna e luta contra o terrorismo, que integrou ao direito comum dispositivos aplicáveis somente em situações de crise.

Dissolução da Assembleia Nacional e referendo

Para diminuir a tensão, a oposição e uma parte dos “coletes amarelos” pediram um adiamento da alta dos impostos sobre o combustível, medida do governo que desencadeou o movimento, além do retorno do ISF (Imposto sobre a Fortuna), extinto pelo governo Macron. A líder de extrema direita do partido Reagrupamento Nacional, Marine Le Pen, voltou a defender a dissolução da Assembleia Nacional neste domingo (3). Le Pen e o representante da extrema esquerda, Jean-Luc Mélénchon, também propuseram eleições legislativas antecipadas para sair da crise.

Já o representante do partido conservador Os Republicanos, Laurent Wauquiez, sugeriu um referendo sobre os impostos aplicados à política de transição energética na França. Segundo ele, o presidente francês, Emmanuel Macron, defende “uma ecologia que é baseada em taxas. É um erro, mas deve haver um debate sobre o tema. Os franceses devem ser consultados”. A pedido de Macron, o primeiro-ministro deve receber nesta segunda-feira (3), durante todo o dia, os representantes dos 12 partidos que integram o Parlamento. O último encontro será às 19h30 com Fabien Roussel, do PCF (Partido Comunista Francês).

Baderneiros diante da Justiça

Segundo o Ministério Público francês, 139 manifestantes compareceram nesta segunda-feira (3) à Justiça e dezenas serão julgados em “audiências de comparecimento imediato”. Eles foram detidos no sábado durante os protestos. Por enquanto, 111 deles tiveram a detenção para interrogatório prolongadas. De acordo com um balanço do Ministério do Interior francês, 136 mil pessoas foram às ruas na França para protestar contra a baixa do poder aquisitivo e a alta dos impostos sobre os combustíveis. A polícia prendeu 682 pessoas em toda a França – 412 só em Paris. O tumulto deixou pelo menos 263 feridos, entre eles, 81 policiais.

Os confrontos entre a polícia e os “coletes amarelos” e baderneiros infiltrados deixaram um rastro de destruição em Paris. O Arco do Triunfo foi pichado e saqueado e está fechado para os visitantes nesta segunda-feira (3). Cerca de 249 incêndios foram registrados na capital, principalmente nos bairros mais ricos, como o 8° distrito, onde está localizada a avenida Champs Elysées, símbolo do luxo francês que contrasta com o difícil cotidiano de muitos manifestantes. Segundo o governo, a maioria deles vêm do interior do país. A faixa etária média de uma boa parte deles oscila entre 30 e 40 anos, muitos trabalham e estão inseridos socialmente.

Fonte: MSN


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