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Anavitória industrializa pop folk em álbum pautado para explorar fase áurea da dupla

O tempo é agora. O título do álbum lançado sem aviso prévio pela dupla Anavitória, no primeiro fim de semana deste mês de agosto de 2018, traduz a natureza do produto fonográfico, destinado a aproveitar ao máximo a fase áurea das cantoras e compositoras Ana Clara Caetano (21 anos) e Vitória Falcão (22 anos).

A dupla de pop folk – formada em 2013 em Araguaína (TO), cidade do interior do Tocantins – é desde 2016 uma das marcas mais rentáveis da indústria da música pop do Brasil entre o sempre disputado público jovem. Por isso mesmo, o som de Anavitória vem sendo moído na máquina do show business.

Entre o primeiro álbum (Anavitória, de 2016) e O tempo é agora, houve single com dupla sertaneja, EP de músicas infantis formatado por produtor incensado por críticos (Alexandre Kassin, que às vezes também já dança conforme a música do mercado), outro EP com sucessos da axé music, shows pelo Brasil, turnê com Nando Reis e até um filme estrelado pela dupla.

Aliás e a propósito, a comédia Ana e vitória chegou aos cinemas quase simultaneamente com a edição-surpresa do álbum O tempo é agora pela gravadora Universal Music. Tudo estrategicamente discutido e calculado em reuniões de marketing.

O álbum O tempo é agora é o resultado dessa urgência de explorar o momento e exaurir uma fórmula de sucesso que, talvez, daqui a pouco já não surta tanto efeito mercadológico.

O pop folk de Anavitória ressurge industrializado no disco. O que soou natural no álbum de 2016 – produzido por Tiago Iorc, avalista da dupla ao lado do empresário de ambos, Felipe Simas – já parece artificial no álbum atual produzido por Iorc com Moogie Canazio.

Gravado entre maio e junho deste ano de 2018 no estúdio East West Recording, em Hollywood (Califórnia, EUA), O tempo é agora apresenta 11 músicas inéditas formatadas com os toques de músicos norte-americanos como Jamie Wollam (bateria), Sean Hurley (baixo) e Tim Pierce (guitarra).

Conduzida pelo piano e os teclados de Roberto Pollo, a balada Calendário (Ana Caetano) poderia figurar em disco de Roberto Carlos, num exemplo de como a personalidade de Anavitória já parece diluída ao longo do álbum.

Principal compositora da dupla, Ana Caetano já dá (eventuais) precoces sinais de cansaço no posto de criadoras das canções de Anavitória, como a música Ai, amor (Ana Caetano) sinaliza já na abertura do disco.

Contudo, justiça seja feita, há melodiosa canção – Porque eu te amo, composta por Ana em parceria com Tiago Iorc (também coautor de A gente junto) – que oferece munição certeira para alimentar a ternura do público de Anavitória pela dupla. Assim como também há apelo em Outrória, canção batizada com infeliz trocadilho para aludir ao fato de que a faixa junta Anavitória com a banda OutroEu, cujo vocalista, Mike Túlio, é parceiro da namorada Ana Caetano na composição (e também na Canção de hotel).

Já a música-título O tempo é agora, parceria de Ana Caetano com Vitória Falcão, flagra Anavitória bem distante do folk do início, em processo de aproximação de um pop mais genérico de sotaque universal.

Foi-se a inocência de recentes tempos idos, inclusive nas letras que já rimam eventualmente amor com dor. Mesmo com as dores de amores, há ainda alta dose de fofura em Preta (Ana Caetano), outra canção vocacionada para o sucesso, e em Se tudo acaba (Ana Caetano).

Enfim, se acabar tudo – os shows lotados, as centenas de visualizações em plataformas de vídeos, o fervor do público fã – num futuro provavelmente ainda distante, Anavitória talvez resista em cena pela essência que a máquina da indústria da música não consegue moer por completo no álbum O tempo é agora.

Fonte: G1


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