Para celebrar seus 70 anos de fundação, a Beija-Flor de Nilópolis vai voltar aos tempos de criança e contar sua trajetória em forma de fábulas infantis. Mas com o apuro visual mais voltado para a teatralização – em todas as cinco alegorias – que fez com que a escola conquistasse o título do carnaval de 2018, o décimo quarto de sua coleção.
Com direção artística do coreógrafo Marcelo Misailidis e do ator Anderson Muller, a Beija-Flor aposta em uma nova identidade visual para o desfile. Luxuosa, mas não tão opulenta. Nada de contar uma história cronológica, relembrando os momentos e desfile de glória. Mas sim, com uma releitura de seus carnavais, sempre provocando a reflexão do público com o enredo “Quem não viu, vai ver… as fábulas do beija-flor”.
“Acreditamos que toda obra artística deve promover a reflexão. E o carnaval é a manifestação que abre essa possibilidade, através da sátira e da crítica social, se aproveitando da liberdade que é essa festa. É o momento que temos para levantar questões importantes, com muito bom humor e alegria. Por isso, elaboramos um carnaval que vai ter estética mais voltada para a história em quadrinhos. A ideia é pinçar grandes momentos e mostrar o que emocionou e o que mexe com público e o componente até hoje ”, disse Misailidis, que quer atrair a atenção dos jovens para o desfile.
É claro que grandes momentos como o desfile de “Ratos e urubus” e os homenageados como Boni e Roberto Carlos e serão lembrados. Mas, segundo Misailidis, tudo sob uma nova ótica. As alegorias ganharam nova materialidade e leitura.
“O desfile se assemelha cada vez mais a um espetáculo musical, com canto, dança, cenografia e indumentária. Então as estruturas dos nossos carros foram feitas para privilegiar o público de casa e do Sambódromo. Cada alegoria terá uma dinâmica específica dentro do que pede cada setor. O enfoque artístico do ano passado foi potencializado. Não vamos repetir alegoria, vamos fazer releituras desses enredos”, explicou o coreógrafo, que também é responsável pela comissão de frente da escola.Cada alegoria terá uma celebridade da escola como destaque, como Fabíola David, Cláudia Raia e Jarbas Homem de Melo, Jojo Todynho, Isabella Santoni e Cláudio Galvan.
Baseado no conceito de fábula – narrativas que mesclam pessoas e animais e que sempre trazem uma mensagem no final – a Beija-Flor dividiu seu carnaval em cinco setores, que vão condensar os momentos mais marcantes de seus 70 anos de existência. São eles os setores infantil, brasileiro, africano, de homenagens e de críticas sociais, batizados com nomes de fábulas de Esopo.
“A fábula que abre o desfile é ‘Vento norte e o sol’, que falar da vitória da persuasão sobre a força. A gente relembra os enredos da escola que tinham a temática infantil, como o ‘Sol da meia-noite” e “Alice no Brasil das maravilhas”, que abordavam a educação”, explica Misailidis.
O setor brasileiro, que vem sob nome de “A raposa e as uvas” e vai lembrar carnavais como “Sete povos das missões”, de temáticas indígena e relacionadas e fatos relacionados ao poder governamental, como a Independência do Brasil. No setor africano – “A galinha dos ovos de ouro”, os desfiles como “Agotime” e “A criação do mundo”, que enalteceram os povos e as cultura daquele continente e suas influências no país.
Misailidis garante que no setor “A cigarra e a formiga”, homenageados ganharão representações em alas e alegorias, como Boni e Roberto Carlos – que não necessariamente vão desfilar – além de Margaret Mee e Bidu Sayão.
O desfile termina com a fábula “Assembleia dos ratos”, destacando enredos que fizeram críticas sociais, como “Ratos e urubus”, “Frankenstein”, “Saco vazio não para em pé”.
“São críticas novas e antigas, mas que ainda são muito presentes. Buscamos não só cantar a festa dos 70 anos, mas uma interação com o público com as questões que vamos abordar”, disse Misailidis.
A Beija-Flor vai desfilar com cinco alegorias e 37 alas com cerca de três mil componentes.
Fonte: G1
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