Quando se pensa em negócio familiar é natural imaginar uma empresa, um empreendimento. No caso da família de Marcus Aureliano Avelino de Melo, a herança foi uma das quadrilhas mais famosas de Manaus. À frente do Junina Diva, ele, a esposa e os filhos contam ao G1 a trajetória da dança na família e como um dos principais grupos de dança da capital mantém a tradição durante três gerações.
Atualmente com 24 pares, que se apresentam durante todo o período de festas de São João, o Junina Diva completa, em 2018, 30 anos de existência, além de ter muitos prêmios e histórias para contar. Marcus Aureliano recebeu o comando da dança do pai, Francisco Ivanir de Melo, de 85 anos.
“Surgiu com o meu pai, que com alguns moradores da época criaram a quadrilha, eram só com moradores, porque não tinha nada junino aqui nas redondezas e eles resolveram criar essa quadrilha para animar, foi quando surgiu a D.I.V.A.”, afirmou Marcus.
Nasce então, no bairro Santo Antônio, o Departamento de Informação da Vida Alheia (DIVA), que só se transforma em ‘Junina Diva’ anos depois.
O que, inicialmente, era uma brincadeira entre vizinhos, toma forma e ganha a capital do Amazonas. No começo, o DIVA dançava ao som de músicas instrumentais conhecidas, nada além de uma grande celebração, com reunião familiar e de grandes amigos.
“A gente tinha, no começo, uns 50 pares, eram 100 pessoas no começo, era muita gente. As músicas a gente usava instrumental de São João, aí com o passar do tempo a gente resolveu inovar com músicas cantadas mesmo, Luiz Gonzaga, Dominguinhos, e por aí vai”, disse o coordenador.
Com o passar dos anos, tudo muda. A forma de brincar, as roupas, os temas, as músicas, tudo naturalmente se transforma em uma grande tradição familiar da família Melo, que hoje, na sua terceira geração, pode dizer que nasceu e cresceu na quadrilha junina.
“Ninguém forçou nada, é espontâneo, acho que já vem no sangue, isso desde o meu avô que gostava muito de São João, aí meu pai já veio pegando a leva dele, eu já peguei a leva do meu pai, e aí estão agora os filhos, esposa, todo mundo brincando, até primos”, disse Marcus.
Casamento dentro e fora da quadrilha
Como em toda quadrilha é realizado um casamento, na vida real não foi diferente. Marcus diz, com muito orgulho, onde e como conheceu a esposa, ngela Alcélio Silva, de 47 anos. O casal está junto há 26 anos e contam sobre como se conheceram. Foi, é claro, na Junina Diva.
“Nos conhecemos aqui, na dança! Ela dançava na rival e veio pra cá. Ela veio pra cá perguntando se podia ensaiar e a gente já sabia que ela era da outra dança e deixamos, aqui ninguém fecha a porta pra ninguém”, disse ele.
Ela conta, então, como surgiu o convite e a vontade de permanecer na nova quadrilha. “Umas amigas minhas que dançavam aqui me chamaram, eu até nem queria vir porque não conhecia ninguém, mas aí elas chamaram e falavam ‘vamos pra lá que lá o pessoal é bacana’ e eu vim e fiquei, isso foi em 1990”, disse ngela.
Sucesso pelo país
Hoje, com dois filhos de 20 e 25 anos, o casal toma frente da quadrilha que guarda dezenas de prêmios, histórias e até “franquias” pelo país.
“Fomos para Belém em 2016 representar o Amazonas e a Junina foi bem vista lá fora, tanto que já temos vários fãs fora de Manaus, tem outra Junina Diva na Paraíba que pediu autorização nossa para usar o nome porque gosta da gente, gosta do nosso estilo”, disse Marcus.
Músicas, roupas e produção
Com 30 anos de história, o Junina Diva criou, além de fama pela cidade, um conjunto de inovações como quadrilha junina. Músicas próprias, adereços e roupas confeccionadas pela própria comunidade fazem a diferença em um “empreendimento” total e exclusivamente familiar.
Fonte:G1
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