O pianista fluminense Diogo Monzo também é compositor. Mas nunca lançou disco de repertório majoritariamente autoral, tendo apresentado somente eventuais composições de lavra própria nos álbuns Meu samba parece com quê? (2015) e Luiz Eça por Diogo Monzo (2017).
Essa opção artística pelo toque de repertório alheio é reiterada no quarto álbum de Monzo, Filho do Brasil – Piano solo, lançado neste mês de julho de 2018 pela gravadora Biscoito Fino. Há somente duas composições de autoria do músico, Segredos e Song for Fran, entre as 14 músicas de repertório.
Entre músicas associadas ao cancioneiro da Bossa Nova, como Bim bom (João Gilberto, 1958) e O barquinho (Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli, 1961), Monzo volta a abordar a obra do compositor, pianista e arranjador carioca Luiz Eça (1936 – 1992), músico de quem Monzo sofreu grande e notável influência no toque do piano.
De Eça, Monzo executa Reencontro (1982) e o choro Olhar de princesa, duas parcerias de Eça com Fernanda Quinderé, produtora artística do álbum Filho do Brasil. Olhar de princesa é música inédita em disco, feita por volta de 1953, quando Eça tinha 17 anos.
A letra de Olhar de princesa foi escrita na mesma época por Quinderé, que tinha então 15 anos e vivia com Eça uma paixão adolescente que, por obra do destino, não foi adiante na ocasião, mas deixou a semente de um amor que seria vivido de forma plena e adulta somente a partir da segunda metade dos anos 1970.
Amor já traduzido em música, naquele ano de 1953, na melodia e nos versos de Olhar de princesa, tema que Quinderé guardou na memória afetiva e que cantou recentemente para Monzo. O pianista então transcreveu a música, gerando a primeira partitura do choro e o consequente primeiro registro fonográfico do tema.
A gravação de Olhar de princesa no álbum Filho do Brasil comprova que Monzo é mesmo o mais fiel discípulo e herdeiro de Luiz Eça. É com essa herança que, no disco, Monzo toca sucessos da música brasileira como o seminal clássico caipira Luar do sertão (João Pernambuco e Catulo da Paixão Cearense, 1910), o samba Com que roupa? (Noel Rosa, 1929) e Choro bandido (Edu Lobo e Chico Buarque, 1985).
Fonte: G1
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