- Economia

B3 quer audiência pública para corretoras poderem negociar com clientes

A bolsa B3 vem tendo uma série de discussões com várias corretoras de valores e com o regulador, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), para criar um sistema para que essas instituições possam oferecer liquidez aos clientes, comprando e vendendo ativos, e com isso facilitem o fechamento das operações, afirmou hoje Cícero Augusto Vieira Neto, vice-presidente de Operações, Clearing e Depositária da bolsa. Hoje, a corretora não pode ser contraparte, ou seja, negociar com o cliente, limitando-se a fazer apenas o contato entre compradores e vendedores usando o sistema Puma da bolsa. A informação foi antecipada pelo Portal do Pavini na sexta-feira.

Com o sistema, chamado também de “facilitation”, que já é muito usado no exterior, a corretora poderá comprar um ativo e vendê-lo a outro cliente. Algumas corretoras já oferecem esse sistema com robôs que casam as ofertas e depois as registram na bolsa, usando a chamada ordem direta intencional, mas há questionamentos se a operação é regular, por ser fechada primeiro fora da bolsa pelo algoritmo. “A gente espera, nos próximos dias, não tem nada definido ou aprovado, mas o que está definido é que vamos divulgar uma audiência pública sobre o tema, com uma visão nossa, e nos próximos 45 dias esperamos receber comentários de mercado e sugestões, a visão dos mais diferentes players, mas especialmente das corretoras”, disse, durante balanço do ano da bolsa.

Ele explicou que o que será discutido não é a possibilidade de ter uma negociação das corretoras fora do ambiente da bolsa, mas sim uma funcionalidade dentro do próprio sistema Puma, da B3, para que a corretora possa oferecer liquidez para os clientes e com a garantia de obtenção do melhor preço pelo cliente. “Isso é muito importante, o sistema será dentro do Puma”, destacou. “Com isso, podemos assegurar que o cliente estará sempre obtendo o melhor preço ao negociar por uma corretora por intermédio do nosso sistema”, explicou.

Sobre as corretoras que já oferecem esse serviço, se elas terão de mudar, Vieira Neto explicou que o que está sendo proposto é um sistema novo. “A gente tem no nosso ambiente o registro de direto intencional, entre um cliente comprador e um vendedor dentro de uma corretora, e a gente tem várias corretoras usando esse direto”, disse. “Isso é uma forma de fazer algo que é parecido com o que a gente vai propor na audiência pública, mas não é igual, pois o direto é fechado dentro da corretora e depois registrado no Puma obedecendo a determinadas regras”, afirmou. “Essa funcionalidade que queremos apresentar ao mercado é uma oferta que funciona dentro do Puma e todas as ordens dos clientes são encaminhadas para o Puma e dentro de determinadas condições o negócio será fechado dentro do Puma, e não registrado como um direto”, afirmou.

O sistema será usado principalmente para os “traders”, investidores profissionais que negociam minicontratos futuros de índice Bovespa ou dólar futuro, e que se beneficiariam de um aumento da liquidez, que tornaria os preços mais ajustados. As corretoras também se beneficiam pois acabam aumentado seus volumes e podem ter ganhos nessas negociações, dentro dos parâmetros estabelecidos pela bolsa. O chamado “facilitation” acaba proporcionando receita para a corretora que, em geral, acaba dispensando a cobrança de tarifas para atrair ainda mais clientes.

Por isso, alguns corretores alegam que o sistema tem de ser bem calibrado, para não criar distorções no mercado de corretagem, com empresas grandes atuando sem tarifas para atrair clientes para o “facilitation” e quebrando as pequenas que se concentrem mais em serviços que na execução das ordens apenas e que dependam mais da corretagem. Uma queda nas corretagens seria muito ruim também para os agentes autônomos, que recebem parte das receitas cobradas pelos serviços.

Fonte: Exame


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