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Preço do aluguel: conheça os principais indicadores e saiba como negociar

O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), principal indicador utilizado para o reajuste de aluguéis residenciais no Brasil, acumula alta de 6,52% nos 12 meses encerrados em outubro. Para quem precisa negociar o aluguel, conhecer este e outros índices do mercado é um passo importante.

É preciso, também, considerar um conjunto de fatores para essa negociação – seja para renovação ou para um novo contrato. E o principal ponto é o diálogo, segundo especialistas consultados pelo g1. (Confira, mais abaixo, dicas de como negociar seu aluguel.)

A conversa entre inquilino e proprietário é tão importante quanto os indicadores. Prova disso foi o movimento de renegociação, manutenção ou até baixa nos preços dos aluguéis durante a fase mais aguda da pandemia, explica o coordenador do Índice de Preços do Instituto Brasileiro de Economia da FGV, André Braz.

“Mesmo com o IGP-M lá nas alturas, a variação média dos aluguéis residenciais mostrou um número negativo [naquele momento]. Então, isso prova que houve negociação entre inquilinos e proprietários. Muitos deixaram até de aumentar o aluguel e acordaram valores menores durante uma determinada fase”, afirma.
Juros altos e aumento na procura pressionam valor dos aluguéis
Juros altos e aumento na procura pressionam valor dos aluguéis

Entenda os indicadores
Para medir o preço dos aluguéis no pico da pandemia, Braz cita o Índice de Variação de Aluguéis Residenciais (Ivar), também publicado pela Fundação Getulio Vargas. O indicador foi lançado oficialmente em janeiro deste ano, com dados a partir de 2019.

Diferentemente do IGP-M, que usa preços ao consumidor, custo de matéria-prima, preços no atacado e insumos da construção civil, o Ivar usa informações obtidas diretamente de contratos assinados entre locadores e locatários sob intermediação de empresas administradoras de imóveis. O indicador mostra, portanto, a variação real dos preços no setor.

Com os dados do Ivar, é possível perceber que a alta nos preços dos aluguéis tem sido superior ao IGP-M, que ficou em 6,52% nos 12 meses encerrados em outubro. No mesmo período, o Ivar chegou a 11,56% – 5,04 pontos percentuais acima do principal índice utilizado pelo mercado.

O gráfico abaixo mostra como os preços dos aluguéis se descolaram fortemente do IGP-M a partir de junho de 2020, período de intensificação da pandemia. Ou seja, o IGP-M teve forte aumento, enquanto os preços dos aluguéis, em um movimento contrário, caíram.

Segundo o economista André Braz, isso é reflexo da negociação entre locador e locatário, que vai além do indexador estabelecido em contrato.

“Independentemente do índice citado, inquilinos e proprietários devem conversar sobre o percentual a ser empregado. Ele pode ser maior ou menor do que o indexador, a depender do acordo que ambos estabeleçam no momento de renovar o aluguel”, explica.
Os indicadores voltaram a ter taxas mais próximas no início de 2022, com desaceleração do IGP-M e aumento do Ivar (dos aluguéis), refletindo o aquecimento do mercado e a alta na procura pela locação de imóveis após a fase mais aguda da pandemia.

Dicas para negociar
O primeiro passo para negociação é ter conhecimento dos valores aplicados para aluguéis na região do imóvel e, assim, evitar valores abusivos, orienta a advogada e vice-presidente da Comissão de Direito Imobiliário da OAB-SP, Angélica Rodrigues de Oliveira.

Ainda segundo a advogada, o aumento só pode ocorrer após o encerramento do contrato ou no momento já estabelecido para reajuste contratual.

“Assim, caso o proprietário solicite aumento do valor fora dessas situações, com o contrato vigente e antes do prazo para reajuste, cabe reclamação junto ao judiciário”, complementa.
Ela reforça também que a negociação do valor do aluguel é livre. “A Lei do Inquilinato [8.245/91] traz apenas que o aluguel não pode ser cobrado em moeda estrangeira nem vinculado sobre variação cambial ou de salário mínimo. Há a possibilidade, caso o locador convencione um aluguel fora da realidade do mercado imobiliário, de ajuizamento de Ação Revisional de aluguel”, diz.

Confira as principais dicas para negociar seu aluguel:

Compare o valor do seu aluguel com o de imóveis vizinhos
Reúna documentos que comprovem sua redução de renda, se for o caso
Reforce que você é um bom pagador e que cuida do imóvel
Converse com o proprietário sobre uma possível redução do valor para pagamento adiantado
Apresente ao proprietário outros índices para reajuste do aluguel
Sugira um valor de aluguel justo, que você possa pagar em dia
Mostre como pretende pagar o aluguel proposto em dia por, pelo menos, um ano
A advogada também explica que é possível, no meio de um contrato já indexado pelo IGP-M, por exemplo, alterá-lo para outro indicador. “Essa troca geralmente não é comum, mas pode ocorrer, sendo necessário, caso o contrato ainda esteja vigente, um aditivo contratual para que a alteração seja realizada.”

Para a professora de Finanças da Fundação Armando Alvares Penteado (Faap) Virgínia Prestes, a situação financeira do locador – anos sem aumento ou perda de emprego, por exemplo – pode ser um argumento contra o aumento do aluguel. Ela também orienta a observar o mercado.

“Se a pessoa está em um imóvel alugado e outros semelhantes, no mesmo prédio, estão mais baixos ou tiveram reajuste menor, isso tudo é válido como parâmetro para a negociação”, diz.

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Organização financeira
Virgínia reforça que o aluguel é uma das principais despesas obrigatórias fixas e, por isso, é imprescindível o controle financeiro. A dica é organizar uma planilha de orçamento doméstico, com despesas mensais e anuais.

“Se for uma despesa anual, você vai dividir por 12 para entender como seria referente a cada mês. Na sequência, você divide essas despesas entre fixas e variáveis, obrigatórias e não obrigatórias”, explica.
Por ser, geralmente, a maior despesa – e obrigatória –, o aluguel deve vir primeiro no controle financeiro. “Depois, vêm outras, como a conta de luz, que é uma despesa obrigatória, porém variável – a família pode diminuir, se for o caso.”

Fonte: G1


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