Uma das atuações mais marcantes da carreira de Michael Schumacher completa 25 anos neste dia 29 de maio. E olha que foi numa corrida em que ele não venceu. O alemão foi o segundo colocado no GP da Espanha de 1994 com uma atuação brilhante, conduzindo sua Benetton-Ford encravada em quinta marcha por dois terços da prova. A vitória ficou com Damon Hill, a primeira da Williams depois de um conturbado começo de temporada, que teve a morte de Ayrton Senna na terceira etapa, em San Marino.
Falando em acidentes, a semana do GP da Espanha começou com a notícia de uma terrível batida do português Pedro Lamy durante testes em Silverstone. O piloto da Lotus teve as pernas fraturadas, e houve suspeitas de que a quebra da asa traseira tenha sido causada pelas mudanças impostas pela Federação Internacional de Automobilismo (FIA) após a reunião realizada em Mônaco duas semanas antes. Uma outra batida, de Olivier Panis, em testes na França, também foi causada pelo colapso da asa traseira. O clima era muito ruim na chegada das equipes à Espanha.
Chefe da Benetton, Flavio Briatore bradava aos quatro ventos que não mudaria seu carro por questões de segurança. Os comissários do GP da Espanha, então, ameaçaram impedir a participação de Michael Schumacher e JJ Lehto. No fim das contas, a Benetton fez as mudanças necessárias em seus carros para deixá-los dentro do novo regulamento. Além disso, foi adaptada uma chicane com pneus no ponto mais crítico da pista para reduzir a velocidade no local. Ninguém gostou…
Enquanto isso, Karl Wendlinger seguia em coma no hospital após o acidente em Mônaco, e a Sauber mantinha apenas Heinz-Harald Frentzen. Já a Simtek chamou o italiano Andrea Montermini para a vaga de Roland Ratzenberger, morto em Imola. Quis o destino que Montermini não disputasse uma corrida sequer: no treino livre de sábado, o italiano bateu com violência na entrada da reta dos boxes e perdeu os sentidos. Mas desta vez o acidente não terminou em tragédia, já que Montermini se recuperou logo e houve “apenas” fraturas nos pés, sem lesões mais graves.
Com as notícias de que Montermini não corria riscos, o treino classificatório de sábado teve uma esmagadora pole position de Michael Schumacher, com 0s651 de vantagem para Damon Hill. Este, por sinal, tinha um novo companheiro de equipe para substituir Ayrton Senna: com 23 anos, David Coulthard fazia sua estreia na Fórmula 1 com uma modesta nona posição no grid.
Dada a largada, Schumacher disparou na ponta. Com um ritmo alucinante, o alemão abriu 17 segundos sobre Hill em 18 voltas, dando a impressão de que chegaria tranquilamente à quinta vitória consecutiva. Mas, quando se encaminhava para fazer o primeiro pit stop programado, o carro de Schumacher ficou encravado na quinta marcha. O alemão fez a parada sem colocar ponto morto e teve de arrancar da inércia em quinta marcha. Será que daria para ele seguir na prova?
Tão logo voltou à pista, na 23ª volta, Schumacher foi ultrapassado por Mika Hakkinen, que superara Damon Hill na dança dos pit stops. Era a McLaren liderando uma corrida pela primeira vez com o motor Peugeot. Com um ritmo bem mais lento por causa do problema no câmbio, Schumacher também foi superado rapidamente por Hill.
No entanto, a vantagem para o quarto colocado JJ Lehto era muito grande, e Schumacher também conseguiu encontrar um ritmo o mais veloz possível dadas as condições. Mesmo só contando com a quinta marcha, Schumi manteve com firmeza a terceira colocação, o que já era bom demais.
Como tinha feito muito cedo o pit stop, Hakkinen voltou aos boxes antes mesmo da metade da prova, o que fez o finlandês cair para terceiro. Damon Hill tomou a ponta pela primeira vez e se segurou ali até o momento da segunda parada, na volta 41. Apesar dos problemas, Schumacher voltou à liderança, mantida até a 46ª passagem, quando parou pela segunda vez. O alemão ainda retornou em segundo, à frente de Hakkinen, e respirou tranquilo quando o finlandês abandonou.
Com Schumacher tendo problemas, Damon Hill ficou com a vitória na mão e apenas administrou a vantagem para cruzar 24 segundos à frente de Schumacher. Numa corrida cheia de quebras, Mark Blundell conquistou o último pódio dele e da equipe Tyrrell com um distante terceiro lugar, à frente de Jean Alesi (Ferrari), Pierluigi Martini (Minardi) e Eddie Irvine (Jordan).
Todos fizeram muita festa. Hill pela sua primeira vitória na temporada para a Williams, Schumacher por salvar seis pontos importantíssimos para o campeonato mesmo com uma marcha só, e Blundell pelo improvável terceiro lugar.
Damon Hill até quebrou o protocolo e colocou o boné para trás no pódio. Naquele momento ele provavelmente não sabia, mas daria um calor terrível em Schumacher na briga pelo título. Aquele ano de 1994 realmente teve de tudo, e a disputa pelo campeonato seria dramática.
Fonte: Globo esporte
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