Foi o roteiro de uma estreia perfeita no UFC Phoenix, domingo: Kron Gracie venceu Alex Caceres por finalização em pouco mais de dois minutos, não se machucou e ainda quebrou o jejum da família, que não vencia no Ultimate desde 1994. O faixa-preta sabe que o dia 17 de fevereiro ficará marcado como um debute perfeito.
– Foi a melhor estreia possível. Sempre espero que pode ser muito pior, mas foi a melhor possível. Quero fazer uma luta em breve e mandar brasa. Eu não sei o que aconteceu. Sei que peguei as costas e falei: “Ele não vai sair mais” – declarou ao Combate.com.
De volta à ativa após dois anos sem atuar, Kron Gracie tem pressa para entrar no octógono outra vez. E considera a possibilidade de integrar o card do UFC Curitiba, 11 de maio, na Arena da Baixada.
– É em maio, né? Eu acho que seria bom. Seriam três meses. Tenho condições de lutar em maio, com certeza. Lutei nos EUA, Japão, agora Brasil. O mundo todo.
Confira outros trechos da entrevista:
Ansiedade na véspera da luta
– É Ice Cream Kron… “Stay Cool Under Pressure (Fique Calmo Sob Pressão)”. Está na minha veia. Normal para mim. Sempre faço isso desde criança. É nessas horas que eu consigo usar minha capacidade máxima, consigo ser eu. Sou especial nesses momentos. No dia a dia sou básico, nesses momentos eu supero tudo.
Caminhada rumo ao octógono
– É um processo. Dois meses antes você visualiza várias paradas. Eu estou competindo desde os nove anos de iadde, tenho um processo de refletir a vida com a derrota e a vit´roia. Estou preparado para morrer, então qualquer coisa é um bônus.
Tabu sem vitórias da família Gracie no UFC
– Graças a Deus a gente quebrou. Foi maneiro. Eu nem sabia dessa história que tinha um Gracie que não vencia há tanto tempo. Eu soube nessa semana, porque todo mundo ficou falando. Coloca mais pressão, mas vai ser sempre assim. Fiquei feliz de quebrar essa escrita.
Peso do sobrenome
Esse sobrenome é como um presente e também uma maldição. Tudo tem seu lado bom e ruim. Nada chega sem um preço. Há um lado muito positivo em ser alguém da família Gracie, em ser filho do Rickson e em treinar com o meu pai, mas há também um lado negativo…tudo tem altos e baixos. Você precisa passar por isso. Ninguém passar por essa vida tendo uma vida fácil. Mesmo as pessoas ricas, elas não têm uma vida fácil, elas têm que lidar com outros problemas. O fato de você ser um Gracie…olha quantos Gracies não tiveram na minha situação, de vencer uma luta. Não é fácil. Só de ser um Gracie não torna isso mais fácil. Você não sai dessa vida de forma fácil, não importa quem você é. A família Gracie é algo que eu sempre quis representa desde criança, e agora que eu já faço isso, nem penso nisso. É uma parte de mim desde que eu era criança, e tudo o que eu sou é por causa da família, das minhas raízes e do meu pai. Toda essa pressão que eu tive que lidar a vida inteira vai ser adicionada ao lado bom agora. Posso representar a família e qualquer movimento que eu fizer vai ser duas vezes mais poderoso porque eu venho carregando esse peso nas costas desde que eu era criança.
Melhor dia da vida profissional
– São fases. Quando eu era faixa-roxa, o primeiro Mundial que eu ganhei foi muito bom, depois marrom, preta, ADCC, MMA. É só uma camada por cima de tudo. São dias de treino, de sparring, a vitória é o resultado, a pontinha de uma história toda que aconteceu no camp, do que aconteceu comigo nos dois últimos anos. Não posso falar que foi meu melhor momento da minha vida profissional, porque já ganhei muito, sofri muito, ganhei caras duros… Todos têm sua importância.
Preparado para lidar com as novas obrigações
– Claro, estou pronto. Fiquei um tempo agilizando a minha vida para esse momento. Nesses dois anos sem lutar, havia muitas peças de quebra-cabeça que eu precisava encaixar para esse momento dar certo, para estar motivado, para estar bem física, mental e espiritualmente.
Próximo adversário
Preciso ver quem está bem na categoria. Não foquei em outros caras nesse camp. Agora que acabou a luta poderei pensar no adversário.
Tuíte de Conor McGregor após a vitória
Eu não vi o que o McGregor falou. Ah, ouvi o que ele disse ontem (sábado) e foi legal também saber que ele respeita a família Gracie porque nenhum de nós estaria aqui se o meu tio (Rorion) não tivesse criado o UFC. Então…é surreal às vezes que estou nessa situação. O meu pai, o meu pai nunca perdeu, eu…é uma história bem interessante. Estou aqui para fazer barulho e criar problemas nessa divisão.
Treinos com Nate Diaz
Sim…o Nate não treinou comigo todos os dias porque ele vive em Stockton, ele veio pro meu camp algumas vezes. Tive vários boxeadores profissionais e lutadores de MMA vindo treinar comigo, mas a maioria do meu treino foi na academia com os meus alunos. Faço muitos treinos especiais. Eu montei uma academia perto da minha, onde eu tenho ringues de boxe e sacos de pancada. Foi onde eu treinei nesse camp. E agora vou poder ter um treino melhor. Durante todo esse camp eu estava treinando, mas também montando uma academia ao lado e agora, que essa luta acabou, vou poder usar essa academia pra treinar bem. Vou poder melhorar os treinos para lutadores de boxe e de MMA profissionais e quem quiser treinar por lá.
Recado aos adversários para protegerem o pescoço
– O pescoço está entre a cabeça e os ombros. É o que eu vou estrangular quando pegar as suas costas, ou o seu lado. É isso que vai acontecer.
A quem dedica a vitória
– Quero dedicar ao meu amigo Murphy, que morreu esse ano e está me protegendo com certeza. Ele estaria aqui muito feliz. Ao meu irmão (Rockson), meu avô (Helio), à minha família, à minha academia e à academia do Nate.
Comemoração
– Eu treino para essa luta há um ano, tentando negociar com o UFC, esperando a luta que não saía e, finalmente, saiu. Vou tirar um tempo sem treinar e voltarei em breve. Eu não me sinto bem fazendo outras coisas. Eu tiro férias, mas enjoo rápido e quero voltar a treinar.
Fonte: Globo esporte
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