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Carol Solberg: “Não entendo uma comissão de atletas que luta para silenciar os próprios atletas”

Em meio à explosão de mensagens e ligações, Carol Solberg tentou descansar. Passou o dia lidando com uma dor de cabeça que demorou a passar. No domingo, ao vencer a disputa pelo bronze na etapa de abertura do Circuito Nacional de vôlei de praia, em Saquarema, a jogadora gritou “Fora, Bolsonaro!” ao final de sua entrevista ao vivo, que estava sendo transmitida pelo SporTV. O desabafo, segundo ela, foi apenas um grito espontâneo. Não demorou, porém, para que fosse atingida por todos os lados pela repercussão. Para o bem e para o mal.

Carol foi rebatida pela Confederação Brasileira de Vôlei. Em nota, a CBV repudiou a atitude, mas ela diz não ter sido procurada. A Comissão de Atletas, presidida pelo ex-jogador Emanuel Rego, dono de três medalhas olímpicas, também divulgou um comunicado recriminando a manifestação política da jogadora. Algo, para ela, impensável.

– Quando a gente a se manifesta de uma forma espontânea, sem pensar muito, não tem como esperar alguma reação. Eu realmente não esperava nada da Comissão de Atletas ou da CBV. Mas realmente não consigo entender como uma comissão de atletas luta para a categoria não ter voz, para silenciar os próprios atletas. Para mim, é surpreendente. E lamentável – disse ao ge.

Logo após o grito viralizar nas redes sociais, Carol passou a ser alvo de uma série de ataques. Uma campanha nas redes sociais passou a pedir pelo cancelamento do patrocínio do Banco do Brasil à jogadora. Ela, porém, não tem nenhum vínculo com o banco estatal, que patrocina o Circuito Nacional de vôlei de praia e estampa os uniformes dos atletas. Ela diz, também, não receber nenhum benefício do Bolsa Atleta, assim como não possui contrato com nenhuma das Forças Armadas, ao contrário de Talita, sua parceira, atleta do Exército.

– A Talita é uma atleta militar, por isso não pode se manifestar. Ninguém da CBV me procurou ainda, realmente não estou sabendo de nada. Eu não falei nada do Banco do Brasil, não tenho patrocínio do banco. E, inclusive, é um banco que patrocina um circuito incrível.

Carol não esperava a repercussão do ato. Principalmente em um momento em que atletas de outros esportes também mostram um posicionamento mais firme em questões políticas e sociais. Para a jogadora, todo atleta deveria ter o direito de se manifestar.

– Acho que já passou há muito tempo a hora de que os atletas possam se manifestar. Em toda categoria, todos têm o direito de se manifestar. Tirando, obviamente, quem tem cargos como militares, não sei exatamente quem. Mas todos têm o direito de se manifestar.

A jogadora tem tido o apoio da mãe, Isabel Salgado, que também costumava se posicionar sobre outros temas além do esporte quando ainda era atleta. Ela, porém, tem tentado se manter imune aos ataques nas redes sociais. Prefere se apegar a manifestações de apoio, como a da bicampeã olímpica Fabiana, que foi a público defender a jogadora.

– Eu não esperava mesmo essa repercussão toda, era um grito espontâneo. Mas tem sido muito legal ver tantas pessoas bacanas, tantas pessoas que eu admiro dando tanta força. É muito legal ver essa corrente toda. Em relação aos ataques, confesso que não li quase nada. Soube muito mais pelas pessoas próximas a mim que têm Twitter ou que viram as mensagens e ficaram preocupadas, me ligando, perguntando se estava tudo bem. Mas eu confesso que eu tentei me proteger não lendo. Tive muito mais mensagens de apoio. Todo mundo que eu admiro, pessoas bacanas me mandaram mensagens de apoio.

Fonte: Globo esporte

 

 


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