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Irritação e multa: os bastidores da quase desistência de Aldo em bater o peso

José Aldo é o lutador que mais irrita durante o processo de corte de peso. A afirmação é de Dedé Pederneiras, líder da Nova União, uma equipe com dezenas de atletas e que exerce a função de treinador há mais de 20 anos. E, na semana passada, no Canadá, na pesagem referente ao UFC Calgary, no qual o ex-campeão peso-pena estava escalado para a co-luta principal, contra Jeremy Stephens, não foi diferente. A novidade se deu por, desta vez, o manauara levar adiante a vontade de arcar com a multa de 20% da bolsa para não precisar perder os 900g que faltavam para ficar dentro do limite da categoria (65,8kg) . Foi aí que o técnico precisou agir para convencê-lo de que valia a pena persistir.

– Ele foi além do limite desta vez. Faltavam 900g para bater o peso, e ele falou: “Não vou, não vou”. Eu falei: “Junior, você vai perder 20% da bolsa”. E ele disse: “Não quero saber, não vou”. Eu respondi: “São quase 9h, então vamos descer logo e falar que você não vai bater o peso”. Ele aceitou, botou a roupa, pegou o Pedialyte (medicamento utilizado pelos lutadores para reidratação e manutenção da hidratação) e abriu. Saímos do quarto, quando chegou na porta do elevador, eu falei: “Você sabia que 90% dos lutadores que não batem o peso perdem a luta? Provavelmente, você vai perder”. Ele ficou me olhando… Eu falei: “Vamos voltar lá e terminar”. Aí ele falou: “Tá bom”. Tive que dar uma pressão (risos). E na verdade não existe isso, porque fui descobrir que a maioria que não bate o peso, ganha. Ele não pode nem saber disso (risos) – detalhou, em entrevista ao Combate.com, após a vitória de Aldo, por nocaute técnico no primeiro round, contra Jeremy Stephens.

Na quinta-feira, data do “Media Day”, José Aldo estava a 4kg da meta. Seguindo a dieta à risca e treinando no hotel, o atleta precisaria apenas da banheira para enxugar o peso. A estratégia era perder cerca de 3kg para, na manhã de sexta, secar o restante. Dedé acredita que, por enfrentar o corte de peso desde a adolescência, quando disputava campeonatos de jiu-jítsu, em Manaus, o pupilo – penúltimo a comparecer à tomada de peso oficial – esteja saturado das horas dentro da banheira de água quente para desidratar.

– Tem uma hora que eu não aguento mais e falo: “Não quer? Então, está bem, fo**-se”. Aí quando eu faço isso, entra outro para falar com ele. Ele está de saco cheio, faz isso desde moleque. Dos caras da academia, talvez seja quem menos tenha dificuldade de perder peso, mas é quem me dá mais trabalho. Tem outros que perdem muito mais peso, ficam em situação pior fisicamente e não reclamam. Já ele, não. Você não está entendendo… – disparou. Sem a presença de Marlon Sandro, que costumava acompanhar José Aldo nas lutas, Dedé escalou Léo Santos para reforçar o córner do manauara. O também atleta do Ultimate – que fala em tom sereno e não costuma se exaltar – saiu do sério com o companheiro de equipe.

– É sempre essa cena, ele gosta de estressar a gente, não quer que a gente fique tranquilo. A gente fica pu**, falta quase bater nele. Ele sabe o dever dele, sabe o que precisa fazer. Depois que ele consegue nos irritar, aí faz o que tem que fazer. O Dedé falou que tinha que pagar uma multa absurda, aí o Junior falou: “Tudo tem um preço na vida” (risos). Ele quer fazer esse drama, é uma coisa chata a perda de peso, todo atleta passa por isso, mas ele é quem mais irrita a gente. O trabalho dele é esse: irritar – declarou o campeão mundial de jiu-jítsu, que contou com o auxílio do lendário BJ Penn, a quem Aldo agradeceu na coletiva pela prestatividade.

Fonte: Globo esporte


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