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O debate é amplo, mas campanha fraca no Sul-Americano não é novidade. Veja cinco motivos

Repare nos números de campanhas recentes do Brasil na fase final de Sul-Americano sub-20:

Sul-Americano 2013 – não classificou para a fase final.
Sul-Americano 2015 – 2 vivtórias / 1 empate / 2 derrotas (4º lugar)
Sul-Americano 2017 – 1 vitória / 3 empates / 1 derrota (5º lugar)
2019 – 0 vitória / 1 empate / 2 derrotas. Faltam dois jogos.
Nos últimos 29 jogos disputados em Sul-Americanos da categoria, o Brasil venceu apenas 11 partidas, o que representa 37% dos jogos. Em aproveitamento geral, soma mais 10 derrotas – três nesta edição, no Chile – e oito empates. Se fosse pontos corridos, seriam apenas 47% dos pontos conquistados.

A crise, mais que técnica, pela forma de se preparar para esse torneio. Há algum tempo já era esperado que nem Vinicius Junior e nem Paulinho, expoentes da geração 2000, fossem para o Sul-Americano. A comissão experimentou alternativas e também as perdeu durante a preparação.

O Brasil ainda enfrenta o Equador na quinta e a Argentina, no domingo, em Rancagua. Precisa vencer as duas partidas para sonhar com a classificação. O time é o lanterna com um ponto. Uruguai lidera com sete, seguido por Argentina e Equador. Venezuela tem quatro
>>> Sul-Americano: os ajustes do Brasil sub-20 para o título que parece a cada edição mais difícil

A reflexão é profunda. Pontual é a discussão em cima do desempenho no Chile. Ainda na primeira fase, alguns pontos foram abordados pelo GloboEsporte.com. Mais abaixo listamos mais motivos para campanha decepcionante da seleção brasileira sub-20. Pelo histórico recente, não dá para dizer as dificuldades são inesperadas.

Escolhas e desempenho

Na preparação Carlos Amadeu treinava com Luan Cândido e Ramires em algumas oportunidades. Na véspera da competição decidiu mudar e colocar Carlos na lateral esquerda e Gabriel Menino no meio de campo. Sentia mais consistência defensiva. Mas abria mão de mais criatividade e força ofensiva. Matheus Thuler treinou como titular contra o Boavista na véspera da competição, mas deu vaga a Walce, que sai mais com a bola rasteira e agrada mais ao tipo de jogo que Amadeu procurava. Thuler cometeu pênalti contra o Uruguai, mas agradou no combate direto.

Amadeu tentou reproduzir na sub-20 modelo de jogo usual nos dias de hoje e que funcionou perfeitamente na seleção sub-17, com Vinicius de um lado, Paulinho do outro, Alan por trás, mais Bahia e Victor Bobsin no meio. Do quinteto, sobrou Bahia, que parece sobrecarregado no setor, fazendo a distribuição de jogo e os passes mais verticais da equipe.

Cipriano não funcionou atuando pelos lados e Tetê e Toró melhoraram a produção, mas o time segue finalizando pouco. Na parte final da competição e também por causa da forma longe do ideal de Lincoln, o técnico modifica o sistema colocando mais jogadores pelo meio (foi de Rodrygo e Igor contra a Venezuela a Ramires e Igor diante do Uruguai) e tentando se rearrumar.

Desentrosamento dentro e fora do campo

Por decisão da nova coordenação da base da CBF, do ex-jogador Branco, o técnico de juniores do Corinthians, Eduardo Barroca, não veio para a fase final do Sul-Americano. Em entrevista ao GloboEsporte.com, Branco queria alguém que ficasse durante toda a preparação e a competição. A mudança não agradou a Amadeu, mas o treinador seguiu o trabalho.

A relação entre Branco e Amadeu não é ruim, mas não existe confiança mútua. Amadeu foi contratado por Erasmo Damiani, que foi demitido por Edu Gaspar. Amadeu foi alçado à sub-20 depois de boas campanhas na sub-17 – e por histórico de bons trabalhos na categoria sub-20.

Em campo, o entrosamento que não era ideal antes da competição – Amadeu sempre lembrou que o desafio era dar conjunto – tem mais entraves com as constantes alterações, praticamente obrigatórias em torneios de tiro curto com jogos dia sim, dia não, como ocorreu na primeira fase do Sul-Americano sub-20.

Falta mais Rodrygo

Rodrygo vai a julgamento, provavelmente, nesta terça-feira. Pode pegar gancho de mais uma partida ou voltar contra o Equador. Enquanto esteve em campo fez os dois gols do Brasil contra a Venezuela e a jogada individual do pênalti contra a Bolívia. A irregularidade natural num garoto de 18 anos não foi bem assimilada pelo próprio jogador, que perdeu a cabeça e se prejudicou na derrota contra a Venezuela. Se voltar contra o Equador, a situação de pressão não vai ter mudado, pelo contrário. Apenas com duas vitórias o Brasil pode se classificar ao Mundial. Hora de equilíbrio.

Inatividade

Bahia começou a competição ditando o ritmo do time. Com boa visão de jogo, foi do pé direito dele que Rodrygo abriu o marcador para o Brasil contra a Venezuela. Mas depois de bom início o desgaste e o peso de meses sem atuar com constância depois de um longo tempo sem jogar chegaram – depois da briga com Athletico e dos poucos jogos no Estoril. Os bons passes seguem aparecendo – achou Igor em ótima condição contra a Venezuela, na penúltima partida, e deu a bola para o gol de Lincoln -, mas a produção caiu e os erros são mais constantes.

O atacante do Flamengo, por sinal, é outro bom exemplo do quanto ritmo de jogo faz diferença. Centroavante de boa técnica, que não só faz pivô, mas sai da área e também cai pelos lados do campo, Lincoln perdeu a condição de titular e busca a melhor forma física ao longo da competição. Amadeu gosta do seu futebol, mas quer mais combate e mobilidade no setor ofensivo.

Desfalques

Rafael Papagaio era a alternativa que Amadeu queria para revezar com Lincoln no ataque. Mas em 20 minutos de futebol intenso contra o Chile, o jogador do Palmeiras torceu o tornozelo. Foi o segundo desfalque importante praticamente dentro da competição. Alan se machucou entre o Natal e o Ano Novo. Na posição, Amadeu testou Gabriel Menino, Igor e Ramires. E ainda não encontrou o melhor encaixe para atuar ao lado de Bahia na criação de jogadas.

Fonte: Globo esporte


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