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Papo com Diniz e irritação com Abad: os bastidores da paralisação dos jogadores do Fluminense

A paralisação de terça-feira vinha sendo planejada faz tempo, mas só foi colocada em prática pois os jogadores entenderam que ela não iria prejudicar a preparação do Fluminense para enfrentar o Bangu, sexta-feira, na abertura da Taça Rio.

Antes de decidir não treinar, o grupo conversou com Fernando Diniz e explicou os motivos da greve. São bastidores que podem tumultuar a temporada: irritação com o presidente Pedro Abad e descontentamento pelas recentes contratações – mesmo sem pagamento por direitos econômicos – ocorrerem antes de os salários atrasados serem pagos.

Virou regra no Flu, desde 2017, a dificuldade em manter os vencimentos em dia. Em outros momentos, o atraso foi maior do que o atual. A dívida é de aproximadamente R$ 11 milhões e engloba CLT (13º e férias de 2018 e janeiro de 2019), direitos de imagem (novembro, dezembro e janeiro) e duas premiações (Brasileiro e Copa do Brasil).

Foi no vestiário do CT que o grupo de atletas decidiu pela paralisação. Após a folga de segunda-feira, a reapresentação previa trabalho na academia e treino no campo, este apenas a reservas. Só o trabalho interno foi realizado. E ele antecedeu uma conversa com o treinador.

Sem presença de dirigentes, os jogadores dividiram com Diniz a ideia. Lembraram que duas reuniões foram feitas sobre o tema sem resolução do problema.

Em 9 de fevereiro, com presença de Abad, do vice de futebol Fabiano Camargo e do diretor executivo Paulo Angioni, o mandatário prometeu pagar o mês de dezembro e ao menos uma parte do restante à medida em que recursos entrasse no caixa – esta informação, inicialmente, foi divulgada pelo site NetFlu. Antes, em Teresina, por ocasião da partida com o River-PI pela Copa do Brasil, o papo havia sido apenas com Angioni.

O técnico, então, disse compreender a situação e respeitar a decisão do grupo – ele, aliás, havia conseguido evitar que semelhante paralisação ocorresse antes do clássico com o Flamengo. Posteriormente, foi falar com Angioni. O capitão Digão participou deste encontro, embora a decisão tenha sido tomada por todos os atletas. Além do zagueiro, os líderes do grupo são o goleiro Rodolfo, os volantes Airton e Bruno Silva e o atacante Luciano.

Desde as conversas nesta temporada, a direção pagou apenas o mês de dezembro. Havia a expectativa de regularizar outra parte do débito, porém, o clube sofreu uma penhora de R$ 1,5 milhão por conta da cobrança trabalhista movida pelo ex-técnico do clube Levir Culpi – o processo corre em segredo de Justiça e cobra no total, sem multa e juros, R$ 2,8 milhões.

O sentimento dos jogadores é de que Abad não convence nas explicações. Há desgaste no sentido de ouvir poucas previsões de solução do problema. O que não impede a relação entre as partes. O presidente frequenta o vestiário normalmente e, conforme vídeo divulgado pela FluTV recentemente, comemorou em conjunto a vitória sobre o Flamengo. Sempre que se manifestou publicamente sobre o tema, o mandatário reiterou o compromisso de arcar com as obrigações.

Paralelamente a isso, o grupo de atletas não recebeu bem as últimas contratações em um momento de atrasos. A de Paulo Henrique Ganso, cuja estreia está confirmada para sexta-feira, resume uma dúvida interna: como pode ter sido feita em um momento de crise?

Não há nenhuma ressalva pessoal a Ganso e outros reforços por parte dos jogadores. O desconforto é com a postura de direção de trazer novos atletas antes de pagar o que se deve. No caso do camisa 10, o Fluminense não pagou nada ao Sevilla, por exemplo – isso foi explicado ao grupo na época. Ele veio com o custo apenas do salário: R$ 300 mil no primeiro ano. E, como o restante do grupo, ainda não recebeu.

Fonte: Globo esporte


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