De procurador com destacada atuação na Lava-Jato, Marcello Miller, 40 anos, tornou-se réu por corrupção na última semana, quando a Justiça Federal de Brasília aceitou denúncia do Ministério Público.
Seu mundo começou a ruir em junho do ano passado, depois que o presidente Michel Temer levantou suspeitas sobre sua atuação no acordo de delação que Joesley Batista, dono da JBS, assinou com a Procuradoria-Geral da República. Insinuou que Miller era o arquiteto intelectual da gravação que o empresário fez no Palácio do Jaburu. A situação ficou pior para ele em setembro, quando seu ex-chefe Rodrigo Janot pediu sua prisão, após a divulgação do célebre autogrampo de uma conversa entre Joesley e Ricardo Saud, executivo da JBS. Janot entendeu que o diálogo trazia indícios de que Miller operara para a JBS enquanto estava no Ministério Público. Proibido de dar declaração à imprensa por uma cláusula em seu contrato com o Trench Rossi Watanabe, escritório para o qual trabalhava, Miller entrou na Justiça para recuperar o direito de falar.
“Nunca mandei gravar ninguém”, afirma, sobre a suspeita de que teria sido o mentor da gravação de Temer.
Ele também revela os valores que recebeu do escritório Trench Rossi Watanabe, para o qual migrou após se desligar da PGR. “Nem um centavo veio da JBS”, afirma, sobre a suspeita de que teria feito jogo duplo ao, como procurador, orientar a delação de Joesley Batista.
Ele também critica o ex-chefe Janot por tê-lo denunciado e o papel de heróis da atualidade que órgãos como o próprio Ministério Público Federal, a Polícia Federal e o Judiciário vêm desempenhando no país. “Toda vez que se procuram heróis, criam-se carrascos”, disse.
Fonte: Veja
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