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Benfeitores esquecidos

No dia 19 deste mês, escrevi sobre um notável brasileiro, nascido no Amazonas, com um
currículo invejável de serviços prestados à nação e ao nosso Estado: Bernardo Cabral.
Hoje, vou escrever sobre outro brasileiro, nascido no Ceará. Poucos sabem que o sangue
nordestino corre nas veias de milhares de amazonenses, pois foram os nordestinos que
enfrentaram o desafio do ciclo da borracha e ajudaram a povoar o nosso Estado.

Falo hoje sobre Humberto de Alencar Castelo Branco, um militar de carreira íntegro,
inteligente e que teve uma notável trajetória no Exército Brasileiro, chegando ao posto
de Marechal – o topo da carreira –, além de ter sido o primeiro presidente da ditadura
instaurada no país em 1964.

Muitos lembram dele por ter assinado o Ato Institucional nº 1, que extinguiu os 13
partidos políticos. Não sou partidário de ditaduras, pois elas cometem excessos e subtraem os direitos fundamentais do ser humano, sobretudo a liberdade, que é o maior pilar de uma democracia.

Vi e sofri com amigos e familiares desses amigos por causa desses excessos. No entanto, se não fosse o regime de exceção implantado em 1964, possivelmente o Brasil não teria hoje soberania sobre o seu maior patrimônio: a Amazônia, com seus trilhões de dólares em riquezas naturais e a maior biodiversidade tropical do planeta.
Muito menos teríamos, nós amazonenses, a Zona Franca de Manaus.

Havia uma conspiração capitaneada por países europeus, com a parcimônia dos EUA,
para ocupar a Amazônia brasileira. Diziam que “o Brasil não cuidava da Amazônia”, que
“o Brasil não merecia a Amazônia”, que “os comunistas iriam ocupá-la”.De outro lado, a União Soviética trabalhava para impor ao nosso país a sua ideologia, Inclusive na Amazônia.
Pois bem, a revolução se instalou em 1964, inclusive com a ajuda dos americanos,
implantou unidades militares das três Forças Armadas em toda a Amazônia e
demonstrou ao mundo a soberania brasileira sobre a região (nunca mais Margaret
Thatcher nem Charles voltaram a falar sobre o assunto).

Além disso, foi implantado, no
coração da Amazônia, na cidade de Manaus, o modelo da Zona Franca de Manaus, que
sustenta a economia, gera emprego, renda e garante uma certa qualidade de vida para
as pessoas que aqui vivem. Os nacionalistas sempre reconheceram em Castelo Branco um militar de escol e um brasileiro exemplar; aqueles ligados à esquerda o veem com desdém.
Não entro no mérito das escolhas, pois todos temos o direito de expressar nossas
opiniões, nossa ideologia e de exercer nossa liberdade No entanto, com todo respeito ao direito de escolha e de opinião, cada um de nós, que nasceu aqui ou escolheu o Amazonas como local para trabalhar e viver, deveria lembrarse e ser grato a esse nordestino que tanto bem fez ao nosso Estado ao garantir a soberania sobre nossas riquezas amazônicas e por nos ter dado a Zona Franca de Manaus. Sem a Zona Franca, o Amazonas seria um mero porto de lenha e, quem sabe, hoje não teríamos 97% da nossa floresta em pé.

Manaus, 28 de fevereiro de 2025.
Professor José Melo
Ex-Governador do Estado do Amazonas


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