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Nuvens negras na economia os sinais uma nova crise global

Na minha infância, lá no rio Juruá, quando nuvens negras se formavam, era o prenúncio
de trovões, relâmpagos, chuvas fortes e ventos violentos que, ao final, deixavam um
rastro de destruição. Na economia, também é assim: pequenas turbulências que, depois,
se transformam em temporais e afetam, via de regra, a economia global.

Foi assim com a Grande Depressão de 1870; com a queda da Bolsa de Valores de Nova
York em 1929; com a crise do petróleo na década de 1970; com a crise asiática de 1997;
com a inadimplência no setor imobiliário em 2008; e, mais recentemente, com a
pandemia da COVID-19.

Via de regra, as causas que provocam esse descontrole na economia global são:
• O crescimento desigual entre os países;
• A crescente dívida pública, que leva à desconfiança nos mercados financeiros;
• As mudanças climáticas, que atingem principalmente os setores de energia e
agricultura;
• Os conflitos geopolíticos, que afetam o comércio internacional e a estabilidade
econômica; e
• A tecnologia e a automação, que podem levar à perda de empregos e à
instabilidade econômica.
Essas causas podem provocar efeitos devastadores na economia dos países e em todo o globo, como:
• Recessão, que reduz o crescimento e aumenta o desemprego;
• Inflação, que pode elevar os custos de produção e reduzir o poder de compra da
população;
• Desemprego, que diminui a renda das pessoas e aumenta a pobreza; e
• Instabilidade financeira, que leva a uma crise de crédito.
Grande parte dessas causas está muito presente hoje no cenário global: a guerra entre
Rússia e Ucrânia, a guerra entre Israel e Hamas, as instabilidades políticas na África, o fantasma da inflação, o aumento da dívida externa dos países e a instabilidade fiscal.
Além disso, as decisões dos Estados Unidos sobre taxação e as recentes medidas
protecionistas adotadas pelo ex-presidente Donald Trump lançaram ainda mais nuvens
negras nesse cenário econômico já tão incerto.
Muitos países já acenam para um crescimento pífio e até negativo este ano. As grandes
economias estão reavaliando para baixo suas expectativas de crescimento econômico.
É preciso que todos façam o dever de casa. A história nos ensina que a solução para as
crises econômicas exige:

A) Políticas fiscais responsáveis, que estimulem o crescimento econômico e reduzam o
desemprego;

B) Políticas monetárias eficientes, que controlem a inflação e estabilizem os mercados
financeiros;

C) Investimento em infraestrutura, para estimular o crescimento econômico, aumentar
a eficiência, reduzir custos e gerar novos empregos;

D) Educação e treinamento, para adaptar a mão de obra às novas necessidades do
mercado; e

E) Cooperação internacional, que pode contribuir para a solução de problemas
econômicos globais, visando à estabilidade econômica em todo o planeta.

O Brasil precisa agir imediatamente, pois as turbulências já batem à nossa porta: juros
altos, excesso de gastos, inflação, desajuste fiscal, ausência de investimentos em
infraestrutura, desconfiança dos investidores, pouco investimento em educação e
treinamento, além do sucateamento das universidades e dos institutos de pesquisa.
Se não fizermos logo o “dever de casa”, a conta virá salgada, e quem pagará seremos
nós, o povo brasileiro.

Manaus, 25 de março de 2025.
Professor José Melo
Ex-Governador do Estado do Amazona


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