A queda de braço entre o Governo Federal e o Congresso Nacional sobre a aprovação do
Orçamento para 2025 prejudica o país, e quem vai pagar a conta somos nós!O dólar voltou a subir, contaminando toda a cadeia econômica.
O pano de fundo dessa desinteligência está diretamente ligado ao não pagamento das emendas parlamentares. Quando eu era deputado federal, as emendas eram apenas individuais, de comissão e de bancada. Agora, são impositivas e até realizadas via PIX.
O Congresso afirma que não analisa o Orçamento porque ele está eivado de
inconsistências e irrealidades, citando como exemplo:
a) O Programa Pé de Meia (incentivo a alunos do Ensino Médio da rede pública)
prevê, no orçamento, R$ 1 bilhão, mas, na verdade, serão necessários R$ 15
bilhões;
b) O auxílio gás prevê R$ 600 milhões, mas vai precisar de R$ 3,4 bilhões;
c) O Seguro-Defeso tem previsão de R$ 4,4 bilhões, mas, no ano passado, foram
gastos R$ 6,57 bilhões;
d) Sem falar na novela do Plano Safra de 2025, que pode comprometer a safra
deste ano e aumentar a inflação.
Por outro lado, o Governo Federal afirma que essa demora na aprovação do Orçamento
paralisa o país.
No fundo, trata-se do “sujo falando do mal lavado”, mas a conta desse impasse já chegou:
o dólar subiu novamente e impactará toda a cadeia econômica do país, incluindo juros,
inflação e PIB.Enquanto isso, o Congresso, na calada da noite, coloca em votação o projeto de lei que resgata as emendas do ano passado. No meio de tudo isso, está a decisão do STF, por
meio do ministro Flávio Dino, e do TCU, que exigem, com razão, maior transparência
para a liberação dessas emendas.
Em 2025, teremos:
a) Emendas individuais: R$ 7,6 bilhões;
b) Emendas de bancadas: R$ 8 bilhões;
c) Emendas de comissões: R$ 11,7 bilhões.
Se não houver um milagre — o governo espera uma receita extra de R$ 166 bilhões —,
2025 será um ano muito difícil! Mas uma coisa é certa: a conta será paga por nós Independentemente do cenário, espera-se que o Congresso Nacional analise o
Orçamento o mais breve possível. O que não pode continuar acontecendo é o “impasse
do carneiro”.
Esse cabo de guerra não é bom para o país, muito menos para o povo.
Manaus, 26 de fevereiro de 2025.
Professor José Melo
Ex-Governador do Estado do Amazonas
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