Suspenso pela Federação Internacional de Vôlei (FIVB) da partida contra os Estados Unidos, nesta sexta-feira, válida pela 3ª rodada do Mundial masculino de vôlei, Renan Dal Zotto pediu desculpas por ter soltado uma bola em quadra durante o tie-break contra a Rússia, na quarta. O técnico admitiu o erro, mas enfatizou que não foi um ato premeditado. Disse, inclusive, que o pedido de tempo feito logo depois do lance, com o placar marcando 14 a 12 para o Brasil, teve a intenção de acalmá-lo, uma vez que percebeu imediatamente que havia cometido uma infração que poderia prejudicar a seleção.
– No decorrer do jogo eu não poderia nunca estar com aquela bola na mão e acabei soltando a bola. Uma atitude de certa forma impensada, mas foi um erro. Eu não poderia nunca ter feito aquilo ali. Fiquei extremamente chateado, mas ao mesmo tempo agradecido por não ter interferido em nada no decorrer do jogo, ou mesmo naquele ponto. Quando acabou aquela ação alguns jogadores quiseram entrar, polemizar. Eu ainda segurei o Bruno e falei “para, para”, porque na hora me caiu a ficha. “Meu Deus, o que eu fiz?” – disse, na manhã desta sexta.
Felizmente para Renan e para o Brasil, o técnico foi suspenso por apenas uma partida, e a mesma não será decisiva. Como tanto a seleção quanto os Estados Unidos venceram a Rússia, os atuais campeões da Liga das Nações foram eliminados, e as duas equipes garantiram vaga nas semifinais do Mundial. Assim, o confronto desta sexta no Pala Alpitour, apesar de definir a classificação final do Grupo I, terá um clima mais amistoso, com muitos reservas de ambos os lados. O auxiliar Marcelo Fronckowiak será o responsável por comandar os brasileiros à beira da quadra.
– Eu pessoalmente não iria me perdoar nunca. Quando acabou EUA x Rússia onde os EUA venceram, automaticamente o Brasil já estaria classificado para a semifinal, independente do jogo de hoje. Aqui com certeza tirou um peso grande. O fardo ficou bem menor. Mas, independente de qualquer coisa, o mais importante é a consciência. O fato está aqui. Eu cometi um erro. Peço aqui publicamente as desculpas.
No nota oficial em que comunica a suspensão, a FIVB afirma que Renan foi considerado culpado de conduta imprópria durante a partida entre Brasil e Rússia por ter deliberadamente jogado a bola em quadra durante o match point do quinto set com o intuito de enganar o árbitro, constituindo uma violação direta do Artigo 14.2 das Regulações Disciplinares da FIVB em conjunção com os Artigos 20.1.3 e 20.1.1 das Regras do Jogo, que governam a conduta esportiva e o fair play, respectivamente.
Confira a íntegra das declarações de Renan do Grupo Grupo
“Estou há dois dias aí passando muito mal a respeito do ocorrido, mas acho muito importante vir a público e tentar passar um pouco do meu sentimento. Foi um erro que me deixou bastante chateado. No decorrer do jogo eu não poderia nunca estar com aquela bola na mão e acabei soltando a bola. Uma atitude de certa forma impensada, mas foi um erro. Eu não poderia nunca ter feito aquilo ali. Fiquei extremamente chateado, mas ao mesmo tempo agradecido por não ter interferido em nada no decorrer do jogo, ou mesmo naquele ponto.
Quando acabou aquela ação alguns jogadores quiseram entrar, polemizar. Eu ainda segurei o Bruno e falei “para, para”, porque na hora me caiu a ficha. “Meu Deus, o que eu fiz?”. A única coisa que me restou foi pedir um tempo, e imediatamente pedi um tempo para acalmar os ânimos e, principalmente, eu me acalmar e dar a orientação necessária para o William, que estava jogando, que era titular naquele momento, para a gente fechar o jogo. Estava 14 a 11, ficou 14 a 12. Estou muito chateado realmente, fiquei muito chateado.
A única coisa que me deixou um pouco mais… A gente olha para trás e vê… Eu tive uma carreira como atleta, como treinador… Nunca fui expulso, suspenso, punido. Jamais, jamais. Então quando acontece uma coisa dessa, no calor do jogo, num jogo como foi, 2 a 0 para a Rússia… Conseguir reverter uma situação assim, uma guerra, uma tensão maluca. É difícil explicar essa sensação ali dentro, a responsabilidade como essa. E aí vai e comete um erro desses, podendo comprometer uma série de coisas assim.
Só tenho que pedir desculpas pelo ocorrido, mas saber também que não interferiu em nada, e pensar agora, foco total para essa semifinal. Temos um jogo hoje ainda bastante importante contra os Estados Unidos, que pode ser um adversário sim mais para a frente. Enfim, é pedir a compreensão de todo mundo e dizer que nós estamos com foco total nessa reta final de competição.
O grande erro é eu estar com aquela bola na mão. Eu não poderia estar com a bola na mão. Eu teria que ter soltado para o boleiro. E a palavra é bem essa, eu solto a bola. E naquele momento você está um pouco anestesiado. Um pouco não, você está completamente anestesiado. Você está… Acho que, se eu estivesse, se lá, com uma criança na mão, eu teria soltado também. Mas acabei soltando a bola sim para dentro da quadra num ato totalmente… Enfim, uma besteira grande, mas que infelizmente foi feito.
Foi um ato, assim, não dá para dizer, absolutamente, que foi premeditado. Não. Mas foi feito o ato. É difícil. Depois é fácil você olhar e dizer “caramba, foi isso, foi aquilo”. Não foi. Não foi Simplesmente aconteceu. Não houve intenção. Absolutamente. Meus filhos estão aqui, vieram acompanhar. Seria, meu Deus, eu não conseguiria olhar na cara deles, principalmente pela história… Enfim, é isso.
As coisas acabaram conspirando a nosso favor. Acho que eu não iria me perdoar nunca se tivesse acontecido outro resultado ontem, apesar da minha total confiança na comissão técnica, porque pode acontecer outro fato, outros incidentes, e um jogador ou alguém, um membro da comissão, ser em algum momento suspenso. Minha confiança é total na comissão técnica, ou alguém que não puder jogar, mas sempre temos peças de reposição.
Eu pessoalmente não iria me perdoar nunca. Quando acabou EUA x Rússia onde os EUA venceram, automaticamente o Brasil já estaria classificado para a semifinal, independente do jogo de hoje. Aqui com certeza tirou um peso grande. O fardo ficou bem menor. Mas, independente de qualquer coisa, o mais importante é a consciência. O fato está aqui. Eu cometi um erro. Peço aqui publicamente as desculpas.
Tive uma reunião com o comitê organizador da comissão. Fui lá me desculpar para eles também. O presidente do Comitê deste Mundial. Explicar o que aconteceu. Enfim. Tive essa punição, apesar de, não gostaria de ter ficado fora de maneira nenhuma. Mesmo no jogo, agora, sabendo que não vale para uma classificação e nem mesmo para decidir quem é o 1º ou 2º, para escolher adversário, porque não sabemos. O jogo depois do nosso é que vai definir quem é o 1º ou 2º do outro grupo.
Então, um jogo que realmente os EUA vão encarar como um treinamento. Nós também. E cada um vai ter sua estratégia no jogo. Eu pretendo mexer sim, dar ritmo. Já falamos internamente, Marcelo já está sabendo. Dar ritmo para vários jogadores porque a gente já viu que nesse Mundial o Brasil sempre conseguiu fazer resultados importantes com a força da equipe, com todos. Então vamos continuar nessa filosofia.”
Fonte: Globo esporte
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