Criminosos queimaram uma van em Fortaleza na manhã desta quarta-feira (23) e incendiaram um posto de combustível em Caucaia e um carro na cidade de Pindoretama, na Região Metropolitana de Fortaleza, durante a noite de terça-feira (22). Além das ações criminosas, o esquadrão antibombas foi acionado após uma suspeita de explosivos em um terminal de ônibus da capital. A violência no estado chegou ao 22º dia seguido.Desde o dia 2 de janeiro, quando começaram as ações criminosas, ocorreram 237 ataques contra ônibus, carros, prédios públicos, prefeituras e comércios em 50 dos 184 municípios cearenses. As ações começaram em Fortaleza e se espalharam para a Região Metropolitana e diversas cidades do interior. A Secretaria da Segurança Pública do Ceará confirmou que 412 pessoas já foram detidas por envolvimento nas ações criminosas.
Para tentar conter os ataques, o governo estadual convocou 1.200 policiais militares da reserva para reforçar a segurança nas ruas. O Ministério da Justiça enviou agentes da Força Nacional e reforço da Polícia Rodoviária Federal para o estado. Policiais militares e agentes penitenciários de outros estados brasileiros também foram deslocados ao Ceará após o início dos crimes.A van foi incendiada no Bairro Conjunto Palmeiras, periferia da capital cearense, por volta das 6h30. O veículo estava estacionado na frente da casa do proprietário. Criminosos quebram os vidros e queimaram o carro.
O ataque em Caucaia ocorreu em posto de combustível localizado na rodovia CE-090, no distrito de Pacheco. Dois homens roubaram um carro e queimaram o veículo dentro do estabelecimento comercial. O fogo se alastrou e destruiu o local. Um dos criminosos foi atingido pelas chamas e socorrido por um comparsa.
Uma equipe do Corpo de Bombeiros foi acionada e conseguiu controlar o incêndio ainda durante a noite. Segundo testemunhas, o veículo pertencia a um motorista de aplicativo e foi roubado no Bairro Parque Leblon. Após o assalto, o motorista foi abandonado em um matagal.Na cidade de Pindoretama, criminosos incendiaram um carro particular em uma estrada do munípio. As chamas destruíram o veículo.
Ameaça de bomba
Em Fortaleza, uma plataforma do terminal de ônibus de Messejana precisou ser isolada devido a uma ameaça de bomba. Uma mala com materiais suspeitos foi deixada dentro de um lixeiro. O esquadrão antibombas da Polícia Militar foi acionado e, após realizarem o trabalho, constataram que dentro da mala havia apenas café solúvel, papel e uma peça de motocicleta.No mesmo terminal, guardas municipais localizaram, em um dos banheiros, material inflamável e outros instrumentos que seriam usados para fazer bombas caseiras. O local ficou isolado durante 2h.
Ordens partiram de presídios
Áudios compartilhados entre membros de facções do Ceará revelaram que as ordens para as ações criminosas partiram de presidiários. As mensagens chegaram até as autoridades após a apreensão de 407 aparelhos de celulares nas unidades prisionais do estado, no dia 6 de janeiro.
Agentes penitenciários apreenderam 2,3 mil celulares nos presídios cearenses durante os ataques. Conforme a Secretaria da Administração Penitenciária, também foram recolhidas das unidades prisionais aparelhos de televisão e materiais ilícitos, como armas brancas e drogas.
Em uma mensagem, um detento ordena: “Uns toca fogo na prefeitura, uns toca fogo nas coisa lá dos policial, tá ligado?”. O Palácio Municipal da Prefeitura de Maracanaú, na Grande Fortaleza, foi um dos 49 prédios públicos atacados no Ceará. “Agora a bagunça vai começar é com força”, diz outra mensagem de áudio. “Agora nós vamos parar os ônibus, vamos tocar fogo com vocês dentro”, ameaça um terceiro detento.Em outro áudio, um detento diz que a sequência de crimes é uma tentativa de fazer com que o secretário da Administração Penitenciária desista de medidas que tornaram mais rigorosa a fiscalização no sistema penitenciário. “Vocês vão tirar esse secretário aí dos presídios. Vocês vão ver, vai piorar é pra vocês”, ameaça um criminoso.
O secretário da Segurança Pública do Ceará, André Costa, confirmou que a nomeação do novo secretário de Administração Penitenciária provocou a onda de ataques criminosos. Segundo André Costa, “a criminalidade já conhecia o trabalho” do novo gestor da pasta que administra os presídios do Ceará.
‘Terrorismo’
Em entrevista à GloboNews, o governador do Ceará, Camilo Santana (PT), classificou as ações criminosas registradas como “atos de terrorismo”. Santana defendeu que o Congresso Nacional revisse a lei antiterrorismo para tipificar ataques como os que ocorrem no Ceará.
Fonte: G1
There is no ads to display, Please add some