O governo francês doará 200 mil euros (que pode variar entre R$ 800 mil e R$ 1 milhão) para as ações de acolhimento humanitário realizado pela Igreja Católica com os imigrantes venezuelanos, em Manaus. Os recursos beneficiarão famílias venezuelanas que estão chegando à capital do estado por meio do programa de interiorização. A ajuda financeira será aplicada pela Cáritas Arquidiocesana de Manaus, que assina um contrato compromisso com governo da França nesta sexta-feira (14), em Brasília.
A assinatura do contrato conclui os procedimentos iniciados em agosto. Os recursos serão aplicados com famílias imigrantes interiorizados, que são aquelas trazidas da fronteira em Roraima por meio pelo governo brasileiro e a Organização das Nações Unidas (ONU). A verba servirá para dar apoio aos imigrantes venezuelanos que chegaram a Manaus sem auxílio governamental. O prazo para aplicação dos recursos é de dez meses.
“É a ajuda de mais um país e temos a ONU trabalhando com gente também com mais recursos que esses. A ideia é que possamos fazer transferência de renda com eles [imigrantes] para organizar melhor a integração deles aqui. Essas pessoas que serão atendidas por esse programa de transferência de renda, estamos com proposta de atingir total de 108 famílias venezuelanas, que virão pela interiorização e demanda espontânea. Já tem 50 pessoas do total de oito famílias que já estão aqui serão atendidas. Só esse ano serão 25 famílias atendidas diretamente”, explicou o vice-presidente da Cáritas Arquidiocesana, padre Orlando Gonçalves.
Em nota, o Embaixador da França no Brasil, Michel Miraillet, confirmou que assinará, nesta sexta-feira (14), uma convenção, por meio da qual o governo francês liberará 200 mil euros à Cáritas Arquidiocesana de Manaus, em assistência humanitária aos venezuelanos instalados na capital do Amazonas. A solenidade acontecerá, às 15h, na Residência Embaixada da França em Brasília (SES Av. das Nações).
O trabalho será desenvolvido em coordenação com a Acnur, no âmbito do programa de interiorização, implementado pelo governo brasileiro.
Concedido excepcionalmente, por meio do Centro de Crise e de Apoio do Ministério da Europa e das Relações Exteriores da França, os recursos ajudarão a Cáritas no acolhimento e integração de 65 famílias de imigrantes em Manaus. Os beneficiados contarão com o auxílio para despesas com moradia, documentação, cursos de português, formações profissionalizantes dentre outros ao longo de 10 meses.
“Por meio da iniciativa, o governo francês expressa sua solidariedade ao Brasil, na gestão da crise migratória venezuelana, e saúda os expressivos esforços empreendidos pelas autoridades brasileiras no acolhimento de migrantes vindos da Venezuela, honrando a tradição de hospitalidade da República Federativa do Brasil. A colaboração francesa visa igualmente a aliviar o Estado de Roraima, que se vê diante de grandes desafios no recebimento dos imigrantes venezuelanos”, expressou em nota a Embaixada da França.
Acolhimento
A Cáritas e Pastoral do Migrante têm acolhido os venezuelanos em três casas em Manaus. Há dois anos é promovida ajuda humanitária aos venezuelanos e mais de 6 mil imigrantes da Venezuela receberam auxílio da igreja católica na capital amazonense.
“Em Manaus, não temos mais lugar para acolhimento. O município não tem, está tudo lotado. O primeiro grupo que chegou para interiorização, que são as 164 pessoas e eles já estão integrados em suas casas. Uns estão trabalhando já por esse programa da Cáritas e ACNUR [Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados]”, disse o padre.
Crise humanitária
A crise da Venezuela tem provocado reflexos em cidades do norte do Brasil. Boa Vista (RR) e Manaus são capitais que vivenciam uma explosão da imigração.
Em busca de sobrevivência, os índios da Venezuela da etnia Warao começaram a migrar para Manaus desde o início de 2017. Adultos, idosos e crianças se abrigaram na Rodoviária de Manaus e debaixo de um viaduto na Zona Centro-Sul. A situação levou a prefeitura decretar situação de emergência social por causa do aumento do número de imigrantes do país vizinho.
Os imigrantes indígenas foram acolhidos em um abrigo no bairro Coroado Zona Leste da capital e em casas alugadas pela prefeitura em vários pontos da cidade. O fluxo migratório continuou crescendo e famílias venezuelanas cruzam a fronteira diariamente. Em solo brasileiro, os imigrantes ficam acampados em Roraima e outros tentam uma nova vida no Amazonas. A situação tem desencadeado conflitos na fronteira.
Fonte: G1
There is no ads to display, Please add some