O BC (Banco Central) vende nesta quarta-feira (21) o primeiro lote de dólares à vista desde fevereiro de 2009. As operações, que têm a intenção de conter os saltos e tombos recentes da moeda norte-americana, serão realizadas até a quinta-feira da semana que vem (29).
Ao todo, a autoridade monetária nacional vai comercializar até R$ 2,22 milhões (US$ 550 milhões) de dólares à vista no período. “A atuação não altera sua política cambial, pautada no câmbio flutuante, sem prejuízo da atuação da autarquia em busca da manutenção do regular funcionamento do mercado”, garante o BC.
O economista-chefe da Necton, André Perfeito, afirma que a ação do Banco Central é motivada pelas variações recentes do dólar e visam conter as fortes oscilações da moeda norte-americana. “A volatilidade é ruim para os investidores porque gera muita incerteza. Se o mercado fica incerto, as pessoas preferem comprar o dólar mais rapidamente”, analisa Perfeito.
Somente nos 14 pregões realizados em agosto, o dólar registrou sete variações acima de 1% em relação ao real. Nesta terça-feira (19), o dólar caiu a R$ 4,05 após saltar 1,6% na véspera e atingir os R$ 4,06, maior cotação de fechamento desde o dia 20 de maio.
Para os economistas ouvidos pelo R7, as sinalizações não têm como foco principal a contenção de uma possível disparada do dólar. “A ideia de dar liquidez para quem precisa de dinheiro para ingressar ou sair do Brasil”, diz o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus, que atenta para uma mudança recente na procura pelo mercado de dólares no Brasil.
“O dólar está atrelado a um mercado muito maior do que o brasileiro. Se houver motivos para o dólar se fortalecer, isso vai acontecer à revelia do Banco Central”, destaca Perfeito, da Necton.
Ao mesmo tempo em que comunicou a venda à vista de dólares, o Banco Central afirmou que vai ofertar os mesmos R$ 2,22 milhões em swaps cambiais reversos. A prática consiste na compra dólares no mercado futuro com o compromisso de arcar com a taxa de juros brasileira.
Segundo o economista-chefe da Necton, o anúncio visa apenas despreocupar os investidores interessados em se proteger contra a variação cambial. “É mais uma atitude para mostrar ao mercado a convicção de que o BC vai atuar para conter a liquidez e a volatilidade da moeda”, avalia Perfeito.
Laatus destaca que a medida é uma forma de “zerar” o montante carregado nos últimos anos, dos quais US$ 3,8 bilhões vencem no próximo dia 1º de outubro. “Caso o BC não consiga vender os US$ 550 milhões no mercado à vista, a diferença será comercializada no mercado futuro”, explica o economista.
Fonte:R7
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