Imagine ter do outro lado da quadra um adversário considerado um dos melhores jogadores do mundo. Alguém que já foi carrasco, principal responsável uma derrota dolorosa em casa. Essa é a relação Brasil com Earvin Ngapeth, craque da seleção francesa. O maior problema do time comandado por Renan Dal Zotto, no entanto, é que as armas da França no Mundial masculino de 2018 vão além do camisa 9. Na Liga das Nações, o país teve outros três jogadores na seleção dos melhores. E nesta quarta-feira, um jovem oposto comandou a estreia tranquila em Ruse contra a China.
Havia incerteza se Ngapeth seria poupado na partida de estreia da França, contra a China, que abriu os trabalhos do Grupo B nesta quarta-feira, na Arena de Ruse. O jogador sofreu uma lesão no abdômen durante um treinamento na última semana de agosto. A previsão era de que levasse de duas a três semanas para se recuperar, mas voltou a treinar na quinta-feira passada. O técnico Laurent Tillie optou por escalá-lo e dar ritmo de jogo antes do duelo com o Brasil.
Neste Mundial, o nível das seleções está mais equilibrado, com os técnicos apontando entre seis e oito times com possibilidades reais de buscar o título. Como o formato vai considerar os resultados da 1ª fase até a definição dos classificados para a terceira etapa, cada vitória tem um peso alto. E um conjunto forte pode fazer a diferença.
Enquanto o técnico Renan Dal Zotto sofre com o desfalque de seus principais ponteiros, Tillie tem à disposição todo o elenco vice-campeão da Liga das Nações. Dentre eles o líbero Jenia Grebennikov, o levantador Benjamin Tonuitti e o central Kevin Le Roux, eleitos os melhores de suas posições no evento.
Nesta quarta, Le Roux saiu no 1ª set do jogo contra a China com dores na coxa, mas a comissão técnica acredita que não seja nada grave. E o time contou ainda com uma performance de destaque do oposto Stephen Boyer, de 23 anos, que anotou 23 pontos.
– Eles (franceses) cresceram muito, ganharam confiança com os últimos resultados, sempre chegando. É um time em que apareceram novos talentos, como o Boyer, o novo central, o Chinenyeze… Eles não são mais tão dependents do Earvin (Ngapeth), têm se tornado um time cada vez mais motivado e com mais confiança no trabalho deles. Isso fez com que eles crescessem, amadurecessem e se tornassem um dos times a serem batidos – analisou Bruninho.
Tillie, porém, evita cantar qualquer vantagem.
– Não vejo a França mais forte não. Vamos avaliar a condição de Le Roux, Ngapeth está voltando de lesão… E o Brasil é o Brasil, também tem muitas estrelas. Não basta jogarmos bem se o Brasil jogar melhor. Vamos desenhar uma tática para evitar que o Brasil jogue.
Se estiver 100%, Ngapeth pode deixar fama de bad boy em 2º plano
Com a camisa da seleção francesa, Ngapeth tem como maior feito os 29 pontos marcados na final da Liga Mundial de 2017, estragando a festa brasileira na Arena da Baixada. Foi eleito o MVP da competição, prêmio que também havia recebido em 2015. Em Mundiais, o ponteiro ainda não brilhou de forma positiva. Em 2010, quando tinha apenas 19 anos, foi cortado da delegação pelo então técnico, Philippe Blain, por indisciplina. Na edição de 2014, o país ficou em quarto lugar, perdendo o bronze para a Alemanha depois de cair nas semis para o Brasil.
Nesta temporada, Ngapeth trocou o Modena, da Itália, pelo Zenit Kazan, da Rússia. Terá a missão de substituir o cubano naturalizado polonês Wilfredo León, considerado o melhor jogador do mundo. Antes de se apresentar ao clube, terá a chance de chamar a responsabilidade para si em busca do inédito título mundial para a França e deixar em segundo plano a fama de bad boy.
O corte por mau comportamento em 2010 foi um episódio “leve” considerando-se uma série de problemas do francês com a Justiça. Foi condenado a três meses de prisão em 2015 após brigar em um bar, mas não cumpriu a pena. No ano seguinte, foi condenado a três anos de prisão por agredir um maquinista em uma estação ferroviária no começo de 2016, mas a pena foi revertida em multa. Logo depois, atropelou três pedestres ao sair de uma boate na Itália e não prestou socorro. No início deste ano, o advogado do atleta conseguiu liberdade condicional diante da proibição de que o craque dirigisse por um ano.
Aos 27 anos, Ngapeth tem o status de craque intacto. A lesão no abdômen prejudicou a preparação para a 1ª fase do Mundial, em Ruse, mas caso consiga recuperar o físico e crescer tecnicamente ao longo da competição, pode ser decisivo em favor da França. Na estreia, mesmo recebendo poucas bolas no ataque, marcou três pontos no fundamento, além de outros três de saque e um de bloqueio.
– Me senti bem, fiquei contente de já poder estrear na competição. Estive sem ritmo porque não pude jogar antes. Mas hoje (quarta) fiz todos os movimentos e não senti dor, então foi bem positivo. (…) Sabemos que cada partida é única. O Brasil é o campeão olímpico, sempre fazemos grandes partidas contra eles e já é uma partida decisiva, porque é um adversário com que vamos brigar pelo primeiro lugar do grupo. Vai ser uma grande partida.
Fonte: Globo esporte
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