O Fluminense fez jus ao seu apelido na noite da última quarta-feira. Com uma atuação digna do time de guerreiros, o Flu venceu o Nacional por 1 a 0 e garantiu vaga na semifinal da Copa Sul-Americana. De quebra, calou o maior público da história do famoso Estádio Gran Parque Central: 32 mil pessoas. Um novo setor de arquibandas foi inaugurado recentemente e aumentou a capacidade do local.
A atuação quase perfeita durante os 90 minutos teve alguns bastidores marcantes antes e depois do jogo, com direito a injeção no tornozelo direito de Gum minutos antes de a bola rolar, choro de Matheus Alessandro no vestiário e recepção de gala no hotel após a classificação.
Gum joga no sacrifício
Não é exagero falar que Gum foi o personagem da classificação do Fluminense. Por mais que Luciano tenha marcado o gol decisivo, foi o zagueiro que balançou a rede do Nacional no primeiro jogo. E foi ele também que teve atuação de destaque no Parque Central mesmo atuando no sacríficio.
Gum se machucou no Nilton Santos. Sofreu entorse no joelho e no tornozelo direito. Só conseguiu treinar efetivamente na segunda e na terça, já em Montevidéu, mas ainda com dores. O principal problema era no tornozelo, ainda inchado. Acordou no dia do jogo sentindo o local. E sentiu novamente após o aquecimento. Tanto que precisou tomar uma injeção no tornozelo para entrar em campo.
– Futebol não se resume só em qualidade. É muita coisa além disso. Futebol é trabalho, competência, coração, raça, é acreditar. Fico feliz de transmitir isso para meus companheiros.
Realmente joguei porque eles mereciam que eu jogasse. Eles mereciam um sacrifício. Pela dor que eu tinha não dava para jogar.
– Fiquei muito grato a Deus porque o lance no primeiro jogo foi grave. Eu torci o tornozelo e o joelho. Poderia ter quebrado a perna ou rompido ligamentos. Fui treinando dentro do possível. Marcelo queria me ver no campo no domingo, no último treino antes da viagem. Falei para ele que não dava. Ele insistiu, fui para o campo. Naquele famoso tá fundo, tá raso (risos).
– Acordei no dia do jogo com mais dores, porque forcei no treino de terça. Causou um trauma. No aquecimento eu fiquei muito preocupado porque o tornozelo estava doendo.
”Tomei uma injeção quando voltei para o vestiário… Não tem como fugir da batalha, jamais vou me esconder, jamais vou deixar de lutar”, disse Gum ao GloboEsporte.com.
As dores voltaram a incomodar o camisa 3 no segundo tempo. Ele chegou a pensar em pedir substituição, até avisou ao técnico Marcelo Oliveira no intervalo que estava sentindo o tornozelo, mas foi convencido a ficar até o fim por dois companheiros de defesa.
– Deus sempre me abençou nesse momento. Hoje abençoou todos nós. O Julio e Ibañez foram um diferencial dentro de campo porque estava realmente ruim.
”Eles (Julio e Ibañez) falaram que eu não poderia sair. Eu fiquei muito chateado de ter saído no primeiro jogo. Poderia ter ajudado o time com minha experiência”.
– Eles me passaram muita força. Isso é um grupo. Encarei o desafio. Foi bonito. Provamos que era possível.
Matheus Alessandro é consolado no campo e no vestiário
A festa pela classificação começou ainda no gramado. Assim que o juiz apitou o fim do jogo, o banco tricolor invadiu o gramado e os jogadores foram comemorar com a torcida tricolor (confira no vídeo abaixo). Mas um deles não conseguiu festejar: Matheus Alessandro. Depois de perder uma chance clara de matar o jogo aos 45 minutos do segundo tempo, na cara do gol, o atacante ficou sentado no meio do campo cabisbaixo.
Matheus Alessandro foi logo consolado pelos companheiros, mas deixou o campo chorando. Foi assim também no vestiário, pelo menos nos primeiros momentos logo após o jogo.
Jogadores do Fluminense fazem a festa com torcedores após classificação sobre Nacional
– Ele saiu de campo sob forte emoção. Poderia ter matado a partida. E quando perde o gol, sabia que poderíamos levar o empate. Vem toda aquela carga de emoção, imagino a cabeça dele. É natural que fique chateado. Bom que deu tudo certo. Em outros lances ele nos ajudou muito, prendeu a bola, sofreu falta – analisou Gum.
Airton, que divide quarto com Matheus na concentração, também falou da força que o elenco deu para o jogador após a partida.
– Somos um grupo. Quando ganhar, ganha todo mundo. Quando perde também. Matheus é um grande menino. Fico no quarto com ele na concentração, temos intimidade. Tem bastante potencial. Só acontece com quem está ali dentro. Ele já nos ajudou muito esse ano e vai continuar ajudando.
O atacante deixou o estádio sem falar com a imprensa, mas postou uma mensagem em sua conta pessoal no Twitter.
Recepção na porta do hotel
A festa que começou no campo e seguiu no vestiário, com direito a foto do elenco, terminou somente na porta do hotel. Lá os jogadores foram recebidos por cerca de 50 torcedores. Gum, Sornoza e Everaldo foram os mais festejados. Um torcedor chegou a se declarar para o zagueiro.
Mas nem todo o dia foi de tranquilidade e alegria para os torcedores. A maioria dos torcedores foi escoltada pela polícia uruguaia do Estádio Centenário até o Parque Central. Durante o trajeto a pé de pouco mais de 20 minutos, os tricolores sofreram pelo menos duas tentativas de emboscadas da torcida do Nacional-URU. Em ambas as vezes um grupo de 15 a 20 uruguaios tentou se aproximar e chegou a atirar pedras, mas a polícia local agiu rapidamente.
Já no estádio, os tricolores participaram ativamente do jogo desde o início. Cantaram, incentivaram e cobraram a equipe. Diante do domínio do Fluminense no primeiro tempo e do 0 a 0 no placar, um torcedor chegou a gritar pedindo mais finalizações.
– Chuta uma pro gol! – implorou.
Foi o que Luciano fez no segundo tempo. A bola que estufou a rede do Nacional tirou o grito da garganta dos torcedores e deu início às comemorações de uma noite que ficará na memória dos tricolores por muito tempo.
Fonte: Globo esporte
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