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BR-319: o caminho entre promessas desafios e esperança

Bom dia, meus amigos e minhas amigas!
Desejando uma quarta-feira de muitas bênçãos, trago hoje algumas reflexões sobre a BR-319, inaugurada em 1976.

Muito se tem falado sobre ela: que é a estrada da integração que vai escoar os produtos da Zona Franca de Manaus; que vai mudar a economia do Estado; que é a “salvação da lavoura”.

De uma coisa eu sei: ela tem sido usada de forma recorrente por políticos em seus discursos em época de eleição: “vou lutar pela BR-319”; “falei com o Presidente, e agora a BR-319 vai ser asfaltada”; “acabei de sair de uma reunião com o presidente X, e ele prometeu asfaltar a BR319”.

Centenas de frases desse tipo têm ocupado os meios de comunicação ao longo desses 48 anos. Por outro lado, a rodovia tem sido “uma bênção” para muitas empreiteiras que, todos os anos, trabalham na “recuperação da BR-319”.

Tanto para manter quanto para recuperar a BR-319, os gastos têm sido significativos. Na manutenção da estrada, o Ministério dos Transportes gasta entre R$ 150 e R$ 200 milhões por ano. Fazendo uma conta rápida e básica, estima-se que, nos últimos dez anos, foram gastos algo em torno de R$ 2 bilhões em manutenção. Já o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura
de Transportes) calcula que, para o asfaltamento do trecho do meio da rodovia, o valor do serviço seja superior a R$ 2 bilhões.

Parece, e espero estar enganado, que existe muita figura de retórica e pouca vontade de que isso aconteça de forma definitiva.
Eu também sonho, um dia, poder pegar um carro e ir até Humaitá pelo asfalto da BR-319. Todos nós que vivemos e trabalhamos no Amazonas temos esse direito. Afinal, o Acre, o Pará, o Amapá, o Tocantins, Rondônia e Roraima têm suas estradas; só a nós é negado esse direito.

Quando assumi o governo do Amazonas, ousei apresentar um novo modelo de desenvolvimento econômico e ambiental para o nosso Estado: a Matriz Econômica Ambiental, que incluía a BR319 como uma “Estrada Parque” no trecho do meio. A ideia era pedir a estadualização da
estrada, conseguir financiamento e asfaltá-la. No trecho do meio, colocaríamos câmeras de monitoramento, passagens aéreas e subterrâneas para os animais, transformando aquela área, muito rica em fauna e flora, em um destino turístico, tudo monitorado em tempo real.

O destino e as oligarquias nos tiraram do processo, e tudo continuou como dantes: os políticos ganhando votos, os empresários ganhando dinheiro e os usuários da BR-319 sofrendo com lama e poeira.

O modal logístico da Zona Franca de Manaus é feito por via fluvial, e nunca será por via rodoviária. Um único navio transporta 1.600 contêineres; por mês, mais de 300.000 contêineres são
transportados entre Manaus e outros destinos. Imagine colocar esses milhares de contêineres e milhares de cavalos mecânicos nos 885 quilômetros da BR-319; depois, mais 800 quilômetros (trecho no Amazonas) da Transamazônica (não asfaltada); entrando no Mato Grosso e pegando uma das piores malhas rodoviárias do mundo até o seu destino final. Do ponto de vista lógico e
econômico, não faz sentido.

Então, dizer que a BR-319 vai escoar os milhares de contêineres que vêm e voltam para Manaus é enganar a boa-fé do povo ou uma “santa ignorância”. Tê-la asfaltada é um direito que todos nós temos, sobretudo para permitir o escoamento de
produtos de primeira necessidade, em veículos leves e, extraordinariamente, nos períodos de estiagens extremas, ser o meio de transporte para esses e outros produtos.
Hoje, infelizmente, temos dois grandes obstáculos para o asfaltamento integral da BR-319: o custo, estimado em R$ 2 bilhões, e Marina Silva, que está a serviço de ONGs e faz um jogo de empurra. Enquanto for ministra, ela vai procurar “chifres em cabeça de cavalo” e nunca dará a
licença ambiental para asfaltar toda a estrada BR-319.

Manaus, 27 de novembro de 2024.
Professor José Melo
Ex-Governador do Estado do Amazona


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