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Imperialismo com novo sotaque o brasil entre EUA e CHINA

A disputa pela hegemonia global entre os Estados Unidos e a China já molda o século
XXI. Após décadas de domínio norte-americano, a crescente influência de Pequim vem
redesenhando o mapa do poder internacional. Com seu modelo de desenvolvimento
centralizado, investimentos estratégicos e uma diplomacia econômica agressiva, a China
vem se firmando como o principal rival dos EUA — não apenas no Indo-Pacífico, mas
também em regiões antes sob controle quase exclusivo de Washington, como a América
Latina.

O incômodo norte-americano diante dessa mudança ficou evidente em uma declaração
polêmica de uma autoridade dos EUA, que classificou a América Latina como “o quintal
dos Estados Unidos”. A frase, herdeira da Doutrina Monroe do século XIX, escancarou a
visão imperialista que ainda orienta a política externa americana em relação ao sul do
continente. Contudo, a realidade está mudando. A presença chinesa na região tem se
intensificado com rapidez e profundidade.
No caso do Brasil, maior economia latino-americana, a relação com a China é central. Os
chineses são hoje os maiores parceiros comerciais do país, com forte presença na
exportação de soja, minério de ferro, petróleo e outros produtos. Além disso,investimentos chineses em infraestrutura, energia e tecnologia reforçam essa influência.

Frente a esse cenário, uma pergunta inquietante se impõe: o Brasil está saindo da órbita de Washington apenas para entrar na de Pequim? Se a dependência econômica continuar, ainda que com novos atores, o papel do Brasilcomo periferia do sistema global não muda.

O risco é claro: deixar de ser o quintal dos
americanos apenas para se tornar o quintal dos chineses. O imperialismo muda de
sotaque, mas mantém a lógica de subordinação.
Essa troca de hegemonia só será rompida se o Brasil — e a América Latina como um todo
— conseguir construir um projeto soberano de desenvolvimento. Isso exige liderança
política, planejamento estratégico e uma política externa independente. Em um mundo
multipolar, as potências disputam espaço. Mas só será quintal quem aceitar esse papel.

Manaus, 06 de maio de 2025.
Professor José Melo
Ex-Governador do Estado do Amazona


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