Desde quando chegou ao Vasco, o técnico Alberto Valentim mudou esquema, peças e até o capitão. Antes de Martín Silva, a faixa passou a ser do lateral-esquerdo Ramon. Experiente aos 30 anos, o jogador, em sua segunda passagem pelo Cruz-Maltino, não esperava.Não significa que ele não queria. Pelo contrário: diz que era um sonho. Mas acreditava que não receberia a honraria pelo comportamento no dia a dia. Ramon está longe de ser aquele “chefe” autoritário e até foge do rótulo.
– As pessoas têm uma ideia de que o capitão é um cara sério, que vai chegar e cobrar, dar ordem, mandar… Não. Eu falei: “Valentim, eu sou o contrário disso”. O grupo me respeita, só que quando tiver uma resenha, uma brincadeira, o primeiro nome que vão gritar é o meu. Eu vejo isso como uma forma de respeito, como também quando falam coisa séria e o meu nome é o primeiro a ser chamado. Ser capitão é isso. Ramon está em sua segunda passagem pelo Vasco, mas ainda não tinha sido capitão. Justamente pelo o que representa a faixa, o lateral-esquerdo acredita que tê-la é o máximo que poderia alcançar pelo clube.Mas o que mudou no dia a dia de Ramon?
– Passei a perceber que sou observado sempre. Não em tom de cobrança. Sou meio que o espelho. Da maneira que me porto, da maneira que eu falo, as pessoas meio que me seguem. Se estiver tudo ruim e eu me mantiver calmo ou sereno, as pessoas se mantêm. Acho que virei meio que o espelho – explicou.Recentemente, em meio a críticas e cobranças públicas da torcida, Ramon defendeu, em entrevista coletiva, o presidente Alexandre Campello – mesmo com salários atrasados. O lateral-esquerdo explicou os elogios.
– Eu só fui receber em dia no Vasco esse ano. Os outros presidentes não vinham aqui. Ou falavam: “semana que vem vamos pagar”. E nunca chegava semana que vem. “Olha, eu não tenho dinheiro, se sair empréstimo eu pago certinho até o fim do ano”, foi o que disse o Campello. E quando surgiu aquilo de eleição, ele veio aqui e falou: “Olha só, teve a questão política que travou o empréstimo, então eu não tenho dinheiro ainda. Vou fazer esforço, se ganharem pagamos prêmio, mas agora para salário não temos dinheiro”. Isso deixou todo mundo pensando que o cara é honesto – disse.O que também chamou atenção do elenco do Vasco foi a presença de Alexandre Campello durante protesto de torcedores no CT do Almirante.
– Ele que foi negociar. Ele quis negociar para entrar tantos torcedores. Ele falou que “ou entra X ou não entra ninguém”. E não entrou ninguém. E ele ficou até o fim. Isso foi bastante interessante perante todo mundo. Isso é difícil. Normalmente o presidente não viria aqui porque é longe da sede. Mas ele vem aqui constantemente. Ele é bastante respeitado por todo mundo do grupo.
Agora, Ramon espera terminar o ano pelo Vasco sem novas lesões para que em 2019 tenha mais regularidade, já 100% fisicamente.
Fonte: Globo Esporte
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