Há exatos 40 anos, no dia 30 de setembro de 1979, foi disputado o GP do Canadá daquela temporada. A prova teve uma intensa e longa disputa entre o ídolo local Gilles Villeneuve e o australiano Alan Jones. No fim, deu o piloto da Williams, com o canadense em segundo lugar. Mas os bastidores daquele fim de semana foram marcados por uma bomba.
Então bicampeão mundial, Niki Lauda surpreendeu o mundo ao decidir parar de correr. Como tudo na vida do saudoso austríaco, foi uma decisão firme e pragmática. Em meio a um treino livre, Niki deixou o carro da Brabham para não voltar mais. E olha que ele havia recentemente assinado um polpudo (para a época) contrato de US$ 2 milhões para correr a temporada de 1980 pela equipe.
Esportivamente foi uma decisão absurdamente infeliz. Isso porque justamente em Montreal a Brabham estreava o modelo BT49 com motor Ford V8 em substituição aos beberrões e frágeis propulsores Alfa Romeo de 12 cilindros. Com esta combinação, Nelson Piquet, que passou a primeiro piloto da Brabham, foi vice em 1980 e campeão em 1981. Mas Lauda estava desmotivado, mais preocupado com a companhia aérea que havia acabado de fundar, a Lauda Air.
– As pessoas fazem uma história, mas por que não posso ser como o homem na rua, me sentir cansado e querer fazer outra coisa? – comentou Lauda, que deixou o Canadá rumo a Los Angeles, nos Estados Unidos, para comprar um avião Learjet para sua empresa.
Bernie Ecclestone não criou problemas para a saída de Lauda e chamou às pressas o obscuro argentino Ricardo Zunino para ser o companheiro de Piquet, o novo líder da Brabham. “Rei morto, rei posto”, diria o filósofo.
Na pista, Alan Jones e Gilles Villeneuve fizeram uma competição à parte em relação a todos os demais pilotos. Na classificação, o australiano fez a pole position com 0s662 de vantagem para o canadense. Confirmando a boa fase da Williams, Clay Regazzoni ficou em terceiro, com Nelson Piquet mostrando a força da nova Brabham-Ford em quarto. Mas eles não foram páreo para os dois primeiros no grid.
Dada a largada, Villeneuve partiu como um foguete e tomou a primeira colocação de Jones. Regazzoni e Piquet mantiveram suas posições, mas o brasileiro, em excelente forma, ganhou o terceiro lugar logo na oitava volta. Definitivamente, o pacote Piquet/Brabham/Ford era um excelente prospecto.
Os carros de Villeneuve e Jones tinham características bem distintas. Enquanto o canadense levava vantagem nos trechos de aceleração graças à potência do motor Ferrari, Jones encostava nas partes mais sinuosas, onde o excelente chassis FW07 era mais equilibrado.
Os dois fizeram uma corrida equilibradíssima, mas Jones tinha dificuldades de encontrar o ponto certo para tentar uma ultrapassagem. Finalmente, na 50ª de 70 voltas, o australiano perdeu a paciência e passou Villeneuve no grito no hairpin. Os carros até tocaram rodas.
Sempre arrojado e destemido, Villeneuve não se deu por vencido e seguiu próximo de Jones, embora não tenha conseguido dar o troco. Os dois estavam num ritmo tão superior aos demais, que a melhor volta da prova, do australiano, foi feita na 65ª passagem, enquanto o canadense fez a segunda melhor volta na 66ª, apenas 0s165 acima.
Villeneuve martelou até o fim, mas Jones tinha um carro um pouco superior e cruzou a linha de chegada com apenas 1s080 de vantagem. Para se ter uma ideia da superioridade dos dois, o terceiro colocado Clay Regazzoni, que herdou a posição após a quebra do câmbio de Piquet, terminou 1m13s656 atrás de Jones, e o campeão Jody Scheckter, em quarto, ficou uma volta atrás.
Apesar de ter perdido a chances de vencer pela segunda vez consecutiva o GP do Canadá, Gilles Villeneuve encerrou o campeonato de 1979 com chave de ouro com uma categórica vitória em Watkins Glen, debaixo de chuva.
Fonte: Globo esporte
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