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Jovem paratleta conta como o esporte ajudou na sua inclusão

Nesta quinta-feira, dia 3 de dezembro, celebra-se o Dia Internacional do Portador de Deficiência. Para muitos, o esporte é uma potente ferramenta de superação e inclusão social. Foi assim com Rafael Vitorino, o Rafinha, que nasceu com acondroplasia, um dos tipos mais comuns de nanismo. Sua deficiência afeta seus membros inferiores fazendo com que os ossos do úmero e do fêmur sejam mais curtos que o habitual e causando baixa estatura. Devido a esta condição, começou a nadar ainda bebê e, o que antes era uma recomendação médica e depois virou diversão é, agora aos 15 anos, também uma meta de vida.

– Por conta da minha deficiência, eu tinha uma fragilidade nos ossos, então eu precisava fazer uma atividade física. A mais recomendada pelos médicos foi a natação para trabalhar meus músculos e meus ossos. Eu comecei com dois meses de idade, fui gostando da água, fiquei e com cinco anos já nadava na piscina grande do Júlio Delamare – conta Rafinha, que sempre se interessou por esportes e também praticou futebol, judô e jiu-jitsu, mas parou por recomendação pediátrica devido ao impacto destas modalidades.

No próximo domingo (6), o jovem paratleta entrará mais uma vez na piscina do Júlio Delamare, agora para disputar os Jogos Estudantis do Estado do Rio de Janeiro representando o tradicional Colégio Pedro II. Rafinha integra o ranking nacional da modalidade, já disputou outras competições importantes como as Paralimpíadas Escolares, na qual ganhou quatro medalhas no ano passado, e fará sua estreia na competição estadual. Ainda que seu estilo preferido, o borboleta, não esteja contemplado no cronograma do evento, ele quer conquistar medalhas nas provas de nado livre (25m e 50m) e peito (50m).

Mais do que o sabor da vitória, ele conta como o esporte lhe ajudou não só a vencer desafios dentro da piscina, mas também fora dela. Graças à natação, Rafinha conseguiu mudar a forma como as outras pessoas o enxergam.

– Todo deficiente passa por bullying e o esporte nos ajuda a superar esta barreira. Eu passo a ser identificado não mais como uma pessoa com nanismo, mas sim como um atleta, alguém que nada bem. Eu passo a receber um “rótulo bom”. Quando eu comecei a competir na natação, eu sempre sentia força com meus amigos me dando parabéns pelas minhas medalhas. É um apoio que traz muitos benefícios para qualquer pessoa. Também sinto que no esporte é um ambiente onde sofremos menos preconceito – destaca o paratleta.

Hoje no 8º ano, pode estar cedo para escolher mas Rafael já sabe que gostaria de seguir carreira no esporte, seja como atleta ou como membro de comitê. Além de Educação Física, ele também se interessa por biologia e pensa em cursar medicina veterinária, mas vê o paradesporto como o espaço que mais abre portas para pessoas com deficiência.

– Não deixe as pessoas dizerem o que você faz ou vai fazer. Faça você mesmo. O esporte é o lugar que vai abrir as portas para você se sentir melhor, ganhando autoestima e conquistando vitórias. Estou muito orgulhoso de onde eu cheguei e sou muito grato a todos que me ajudaram neste caminho. Eu comecei na natação para melhorar o meu físico e hoje estou aqui ganhando medalhas e sendo reconhecido – comenta.

Além de nadar, Rafael também competirá em eSports (jogos eletrônicos) nas modalidades Fortnite e Clash Royale. Neste caso, as disputas não são separadas para paratletas, uma vez que sua baixa estatura não traz nenhuma desigualdade ou prejuízo de desempenho em relação às pessoas sem deficiência. Mas ele acredita que é da natação que vem seus maiores reconhecimentos.

– No jogo eletrônico é mais discreto. Como eu só preciso da TV e do jogo, posso entrar sem ninguém nem saber que eu tenho nanismo. Já na natação, isso gera uma admiração dos outros que veem como eu sou capaz de nadar o que eu nado apesar da deficiência. Eu treino com gente que não tem nenhuma deficiência e faço praticamente o mesmo treino que eles, só com algumas pequenas adaptações para evitar a exaustão – conta.

Mais que só esporte

Para além do esporte, Rafael exerceu um papel fundamental para a inclusão no ambiente escolar. Após enfrentar dificuldades para utilizar um forno de microondas na escola, desenvolveu um projeto chamado “E se fosse você?”, em que além de trabalhar a acessibilidade para pessoas com nanismo, buscou transformações no espaço para favorecer também cadeirantes e deficientes visuais.

– Eu levei a pipoca de microondas para fazer, mas ele estava inacessível por conta da altura. Comecei a pensar que não tinha rampa, não tinha os ladrilhos (de piso tátil). Eu ficava com meus pés boiando quando sentava na cadeira porque era alta demais. Isto tirava a concentração, cansa a coluna. E, graças ao projeto, fizeram várias adaptações de acessibilidade no colégio.

Fonte: Globo esporte


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