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Sem clube, ex-joia do Botafogo trabalha como psicólogo e alerta: “Pensem além das quatro linhas”

Luis Guilherme muito cedo acostumou-se ao protagonismo. Afinal, não é lá comum um jovem acumular passagens pela base de clubes como Arsenal, Manchester City e Lyon tão precocemente. Mas o goleiro, apontado como uma grande joia do Botafogo outrora, hoje vive uma realidade totatalmente diferente.

Desempregado após defender o São Gonçalo EC na Segundona do Rio, Luís Guilherme tem trabalhado como psicólogo na Zona Sul do Rio de Janeiro. Ele se formou na profissão em 2017 e tem aproveitado para exercê-la enquanto não encontra um novo desafio nos gramados.

– A princípio, é um projeto a longo prazo, que comecei quando era mais novo. Não me arrependo, ainda mais vendo que é difícil se manter no mercado e se sustentar só com o futebol. Mas o carro-chefe é o futebol. Sempre foi e só vai deixar de ser quando eu não tiver mais motivação ou aptidão para o futebol – disse.

Para se graduar, Luís Guilherme teve que optar por escolhas que o tiraram do foco no futebol. Após deixar o Botafogo em 2015 sem receber chances no profissional, ele passou a se dedicar em maior tempo aos estudos, embora tenha passado pelo Villa Nova-MG na temporada 2016.

Em 2017, Luís Guilherme voltou a se comprometer exclusivamente com o futebol depois de ter se formado como psicólogo. Se destacou com a camisa do São Gonçalo EC e foi contratado pelo tradicional America-RJ. Neste ano, retornou ao São Gonçalo e disputou 25 partidas na temporada.

– O calendário brasileiro é difícil, o carioca mais ainda. Surgiram algumas propostas, mas nada de concreto ainda. Quem atua em equipes de menor investimento acaba tendo apenas seis meses de trabalho. Jogamos até duas competições, mas são paralelas, o que nos deixa de fora em metade do ano.

Apesar da realidade que tem encarado no futebol, Luís Guilherme tem um grande sonho: voltar a vestir a camisa da seleção brasileira. Em 2009, ele foi titular do Brasil no Sul-Americano sub-17, deixando no banco ninguém menos que Alisson, hoje titular do Liverpool e da Seleção.

Naquele torneio, foi ainda um dos heróis da equipe na grande decisão contra a Argentina – após empate por 2 a 2 no tempo normal, o Brasil venceu nos pênaltis por 6 a 5.

– Ainda sonho em voos maiores. O maior de todos é um dia chegar à seleção brasileira novamente, ser campeão em competições nacionais. A minha realidade hoje é difícil, sei bem. Mas sem sonhos não há motivação para seguir na carreira – afirma o goleiro, que ainda esteve no Mundial sub-17 de 2009.

O início promissor
Pelo Botafogo, Luis Guilherme ficou por cerca de 12 anos. Presença constantes nas seleções brasileiras de base – na mesma geração que revelou nomes como Neymar e Coutinho -, chamou rapidamente a atenção de diversos clubes do exterior, como o Arsenal, da Inglaterra, onde passou por um período de treinamentos em 2009.

Retornou ao Alvinegro, foi emprestado a Boavista, Bangu e Bonsucesso – não conseguiu despontar em nenhum – e chegou a fazer um “tour” pela Europa para um treinamento entre os profissionais de Manchester City e Blackpool (Inglaterra) e Lyon (França) na temporada 2011/2012.

– Assim como eu, podem ter muitos outros que não vingaram ainda. Tenho que ter paciência e seguir trabalhando da forma que aprendi e acredito. No futebol tudo pode mudar muito rápido. Para pior ou para melhor. Independentemente do momento, tem que estar sempre preparado.

Com a experiência de todos os anos no futebol e com o rótulo de promessa deixado para trás, Luís Gulherme ainda manda um recado para outros jogadores.

– Aos meus colegas da profissão, principalmente os mais novos, eu digo que o futebol é um grande sonho, desfrutem o máximo que ele tem para oferecer. Pensem nele e vivam dele o quanto der. Mas, acima de tudo, pensem além das quatro linhas. Como tudo na vida, estar preparado para todos os momentos bons e ruins do futebol são a chave para uma vida toda. Aos que vingaram, usufruam e guardem para o futuro. Aos que ainda não chegaram lá, sigam firmes, pois a hora pode chegar quando menos se espera – encerra.

Fonte: Globo esporte


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